Lisboa: sábado é dia de Feira da Ladra!
O mercado de pulgas mais famoso de Portugal é um programa delicioso para abrir o fim de semana
Recentemente eu fiz a minha reestreia na Feira da Ladra, em Alfama. Reestreia porque, vivendo novamente em Lisboa desde 2016, ainda não tinha voltado àquela praça que fora minha vizinha durante longos meses num longínquo 2007, quiçá 2008.
Muita coisa mudou desde então – no entorno, principalmente. E nem estou falando da Alfama destes arredores, que mais parece um novo bairro algo hipsterizado, algo globalizado; mas especificamente do Largo de Santa Clara.
Agora ir à Feira da Ladra pode começar com um gostoso café de ares nórdicos no Copenhagen Coffee Lab, com um dos melhores buns de canela que já provei em Lisboa e mesinhas na varanda…
…e terminar com um almoço à base de cogumelos (da entrada à sobremesa!) no curioso Santa Clara dos Cogumelos. Por mais estranho que pareça, dê asas à curiosidade e não se esqueça de fazer reserva – o restaurante é pequenino e vive lotado.
No mais, pouca coisa mudou. Uma das mais antigas feiras de Lisboa, a Feira da Ladra tem suas origens no século 13, quando começou a ser realizada nas imediações da Igreja de Santa Engrácia, em São Vicente de Fora.
O nome vem do que você está imaginando mesmo: a feira começou com uma abundância de artigos roubados e repassados ali. Hoje reúne até 500 barracas que vendem de tudo – tudo mesmo.
Verdade seja dita: é preciso vasculhar para achar coisas interessantes. Já tem barracas enormes de meias e cuecas de fábricas pequenas, gente vendendo quinquilharias do IKEA, brechós de peças inusáveis e afins.
Mas tem muita louça, vinis e objetos de decoração que, garimpados, rendem um suvenir único e cheio de histórias.
Barracas de fitas cassete, peças amputadas de manequins de plástico, bonecas assustadoras, baldes e vassouras: basta procurar.
Às vezes, mais do que prestar atenção nos objetos, vale prestar atenção nas pessoas. Uma aula de antropologia sobre os alfacinhas gratuita e a céu aberto, cercada de belas atrações: o Panteão, onde jaz o corpo da fadista Amália Rodrigues; o Museu dos Azulejos, mais abaixo; o Mosteiro de São Vicente de Fora, logo ali; e o Tejo, lá embaixo. Tudo ao alcance dos pés.
Depois de algumas horinhas, saí com algumas pérolas: três vinis de música Barroca; um prato lindo de flores de uma antiga fábrica de porcelanas de Macau, na China; e uma caixa de metal de Cola Cao, o achocolatado mais famoso de Portugal, para guardar biscoitos e afins (ou nada mesmo, como tem sido até agora a sina das quinquilharias). Total: € 19.
Voltei com vontade de comprar uma caixa de correio antiga, de metal, que depois de regatear o dono baixou para € 100. Sigo pensando onde colocar.
ANOTE AÍ: A Feira da Ladra acontece no Largo de Santa Clara, em Alfama, às terças-feiras e sábados. A versão de sábado costuma ser maior e mais completa. Começa às 9h e vai até tipo 18h – quanto mais cedo, melhor. Não deixe de ver também o mercado de Santa Clara, que reúne artesanato, comidinhas e um ou dois antiquários de verdade.