Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, quase dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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JNCQUOI: restaurante hype em Lisboa, sem a cara de Lisboa

Como é a experiência num dos mais badalados endereços da cidade, que poderia estar em Nova York ou Milão

Por Rachel Verano
Atualizado em 6 mar 2020, 14h21 - Publicado em 22 Maio 2018, 16h37
O restaurante: janta-se aos pés de um simpático dinossauro
O restaurante: janta-se aos pés de um simpático dinossauro (Bruno Barata/Reprodução)

É Lisboa, mas poderia ser Milão ou Nova York. Inaugurado no ano passado em plena Avenida da Liberdade, o JNCQUOI é destes espaços multiuso que reúnem, com uma bela curadoria, livros, roupas, vinhos… e ainda tem um bar e um restaurante badalados.

O bar, no subsolo: ótima pedida para um drinque antes do jantar
O bar, no subsolo: ótima pedida para um drinque antes do jantar (Bruno Barata/Reprodução)

Desde a sua abertura rola um certo frenesi que sempre me instigou. Não vi uma única pessoa desembarcar do Brasil em Lisboa sem mencionar a intenção de ir conhecê-lo. Mais: muita gente chegava e tinha o espaço no topo da lista do que fazer na capital portuguesa, independentemente de estar por aqui por um dia, uma semana ou um mês. Ou de saber pronunciar o seu nome. 

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A adega do bar: ótima carta (preços nem tanto)
A adega do bar: ótima carta (preços nem tanto) (Bruno Barata/Reprodução)

Confesso que nunca tinha tido muita curiosidade de ir conhecer, mas nos últimos dias me rendi. Aos fatos.

A fachada: predinho histórico da Avenida da Liberdade
A fachada: predinho histórico da Avenida da Liberdade (Bruno Barata/Reprodução)

Constatação número 1: não espere um DNA português. Com exceção de um ou outro prato (um bacalhau aqui, um porco preto ali), o menu é internacional – tem de burrata a caviar, de tortilla a ceviche.

Risoto em panelinha de cobre: adoro
Risoto em panelinha de cobre: adoro (Bruno Barata/Reprodução)

Constatação número 2: não espere muito da cozinha. Escolhi o meu prato, um tagliatelle, por causa dos cogumelos morilles que eu amo e que são raros de se ver por aqui. Dei azar. A massa estava sem gosto, seca, ultra sem graça.

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O jantar foi salvo pelos outros pratos da mesa, entre os quais se sobressaíram as nozes de porco ibérico (bochechas) escoltadas por um cremoso risoto de cogumelos. Tenra, a carne se desfazia ao toque do garfo. Foi suficiente para eu recuperasse que o amor pela vida. 

Tagliatelle com morilles: muito barulho por nada
Tagliatelle com morilles: muito barulho por nada (Bruno Barata/Reprodução)

Constatação número 3: as sobremesas são melhores que os pratos. Neste quesito há duas vertentes: uma ala “da casa”, com opções como cheesecake de damascos e pudim abade de priscos; e uma ala by Ladurée, a famosa pâtisserie francesa que tem um balcão dentro do espaço. Eu, que não consigo ouvir falar em Ladurée e não comer imediatamente um Ispahan, não fugi à regra. E o macaron gigante com recheio de lichia, creme de rosas e framboesas estava uma delícia.

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Bochechas de porco com risoto de cogumelos: delícia
Bochechas de porco com risoto de cogumelos: delícia (Bruno Barata/Reprodução)

Constatação número 4: o ambiente é lindo e descolado. No andar da entrada fica o restaurante, com um enorme esqueleto de dinossauro no décor. No andar de baixo, um bar com uma bela adega. É uma delícia passar umas horas ali.

Constatação número 5: é o típico lugar da moda. A música é alta, o segurança da entrada tem cara de poucos amigos, a hostess é simpática, as reservas são obrigatórias.

Bandeja de sobremesas: caseiras X pâtisserie francesa by Ladurée
Bandeja de sobremesas: caseiras X pâtisserie francesa by Ladurée (Bruno Barata/Reprodução)

Constatação número 6: eis um belo endereço para gringo ver e curtir. Quase não há portugueses entre os clientes.

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Cantinho da livraria: curadoria sensacional
Cantinho da livraria: curadoria sensacional (Bruno Barata/Reprodução)

Dito (tudo) isso, a pergunta que não quer calar: vale a pena? Vale. Mais pelo ambiente do que pela comida. Mais por um programa com cara de mundo do que exatamente de Portugal. Mais para quem não se incomoda com ambientes mauricinhos. E, principalmente, mais para quem está disposto a gastar pelo menos cerca de € 100 por casal (com bebida).

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