Além-mar

Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Home office no hotel? A proposta de inverno em Portugal

Enquanto as medidas de confinamento apertam, hotéis estão oferecendo descontos para estadias mais longas para quem quer trabalhar vendo outros cenários

Por Rachel Verano
Atualizado em 26 nov 2020, 13h59 - Publicado em 25 nov 2020, 11h20
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Os bangalôs do Noah, em Santa Cruz: confinamento de frente para o mar (Divulgação/Reprodução)

Já  não é novidade que a Europa está vivendo o auge da segunda onda da pandemia. Em Portugal, estamos sob estado de emergência desde o início de novembro e todo dia amanhecemos com novos recordes. As medidas do governo para controlar a disseminação do coronavírus estão cada vez mais restritas – e embora tenha sido declarado que o confinamento total não vai voltar a existir nos moldes como vimos no primeiro semestre, ele já é realidade a partir das 13h nos finais de semana e feriados, quando fecham os restaurantes, o comércio (até os supermercados!) e ninguém pode estar na rua na maior parte do país (onde o índice de contaminação é considerado grave e gravíssimo, segundo uma escala adotada nacionalmente). Também estamos sob toque de recolher diário a partir das 23h e, em períodos específicos, proibidos de sair das regiões em que vivemos (os concelhos).

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A piscina do Noah: impossível no frio, mas sempre um alento visual (Divulgação/Reprodução)

Também já não é novidade que o turismo é um dos setores mais abalados pela pandemia. Na iminência de amargar mais um longo período com taxas baixíssimas de ocupação, às vésperas da chegada oficial do inverno, para piorar, alguns hotéis encontraram uma solução sob medida para o momento: oferecer pacotes especiais a bons preços para quem busca novos ares para o home office (também obrigatório desde o começo deste mês).

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O meu bangalô transformado em escritório: o mar logo ali (Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Foi assim que troquei o meu confinamento em casa por um confinamento de frente para o mar alguns dias atrás. Vagando pela internet num dia de completo tédio, descobri que um dos hotéis que eu mais tinha curiosidade de conhecer (o Noah Surf House, a uma hora de Lisboa rumo ao norte) estava com uma promoção surreal: cinco noites por € 299, o equivalente a diárias de € 59,80. Detalhe: na baixa temporada em que estamos, a diária mais baixa por lá custa € 195 (na alta, € 295)! O valor incluía um super café da manhã com direito a ovos diretamente do galinheiro preparados na hora, iogurte caseiro e granolas mil e atividades como yoga, trekking e aulas de skate.

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Lareira ao pé da cama no Noah: uma semana de novos ares (Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Fizemos a “mudança” num domingo à tarde, com direito até a desktop (o trabalho estava a mil). Reservamos o bangalô Mar & Cook, que é uma minicasinha de madeira e vidro com uma cozinha completa, lareira e varanda. Assim a vida podia continuar quase normalmente, sem que precisássemos sair muito. De qualquer canto que se olhava lá estava o mar. Minha maior diversão ao longo desta semana? Abrir a persiana elétrica ainda debaixo do edredon e deixar o mar entrar a meio da manhã.

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Almocinho pé na areia: vida de home office (Rcahel Verano/Arquivo pessoal)

Mas tinha mais. Tentar loucamente acender a lareira (um dia deu certo!), fazer caminhadas pela beira-mar completamente vazia, ler um livro na espreguiçadeira ao sol depois do café da manhã, observar do quentinho do quarto os surfistas corajosos naquela água petrificante. Fui esperando dias nublados e chuva. Ganhei de presente dias de sol e calor em pleno outono que permitiram até mesmo refeições pé na areia.

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O Areias do Seixo ao fim do dia: escapada para massagem e passeio entre oliveiras (Rachel Verano/Reprodução)

A ideia era não fazer muito. Mas ainda assim foi possível praticar a política do “eu mereço”: um belo dia, às 4 da tarde, larguei tudo e fui fazer uma massagem no hotel-irmão Areias do Seixo, a 5 minutos de distância, uma das hospedagens sustentáveis mais incríveis de Portugal, que figurou na Gold List da Condé Nast Traveller logo que abriu as portas. Depois de óleos de lavanda, pedras quentes e chá de especiarias, o dia terminou com uma caminhada no alto das falésias entre oliveiras centenárias, sem uma alma por perto. Voltei pra casa com a sensação de que tinha feito uma volta ao mundo.

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O Craveiral, no Alentejo: reserve o verão, ganhe 14 diárias agora (Bruno Barata/Reprodução)
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O restaurante do Craveiral: todo o conforto de uma lareira (Bruno Barata/Reprodução)
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A moda do hotel para o teletrabalho (como Portugal chama o home office), de repente, se espalhou pelo país. O Craveiral, a meio caminho entre o campo e o mar da Costa Alentejana, bateu todos os recordes. Quem reservar uma semana nas férias de agosto de 2021 (preços a partir de € 1.770 pelo pacote de 7 noites para duas pessoas, com café da manhã) ganha nada menos do que 14 diárias agora. Assim, de graça, para usar até o final de janeiro. Reservar uma semana nos meses de junho, julho ou setembro dá direito a 7 diárias agora. Detalhe: a diária avulsa está custando a partir de € 160 neste período.

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Quinta da Comporta: a piscina mais bonita do país (Divulgação/Reprodução)

A cerca de uma hora de Lisboa, na badalada Comporta, o hotel Quinta da Comporta, dono de uma piscina de vidro espetacular, de frente para o arrozal, oferece descontos especiais para quem ficar 15 ou 30 dias. A hospedagem é em casinhas completas com direito a sala de estar, de jantar, varanda e pátio. A única diferença é que a limpeza, neste caso, passa a ser feita duas vezes por semana (e a troca de lençóis, uma). Os valores para duas pessoas custam a partir de € 3.600 pelo período de 15 dias e € 6.000 pelo mês completo. Não é uma pechincha, mas os descontos chegam a 50% em relação às tarifas de praxe.

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O Four Seasons Hotel Ritz, em Lisboa: a varanda do restaurante está debruçada sobre o verde do Parque Eduardo VII, em pleno centro da cidade (Divulgação/Reprodução)
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Em Lisboa, o Four Seasons Hotel Ritz está oferecendo 25% de desconto para quem reservar a partir de 3 noites (as tarifas normais, em dezembro, começam em € 433). Acima de 12 noites há condições ainda mais especiais, que o hotel promete tratar de maneira personalizada. Aqui também vale a campanha Extend Your Stay, lançada pelo grupo para seus hotéis no mundo todo: para estadias de um mês (ou mais), há uma série de serviços especiais incluídos, como traslados de ida e volta para o aeroporto, consultoria com o chef para personalizar as refeições, concierge particular (inclusive para preparar as atividades de ensino e lazer com as crianças) e treino duas vezes por semana com personal trainer.

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Um dos quartos das Casas da Lapa: trabalhar na Serra da Estrela (Divulgação/Reprodução)
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Entrada do Torre de Palma, no Alentejo: roça chique (Divulgação/Reprodução)

Em plena Serra da Estrela, as Casas da Lapa têm condições especiais para estadias mais curtas. Quem ficar 3 noites paga o preço de 2 (o valor passa de € 450 para € 300), e quem ficar uma semana tem 50% de desconto. O Torre de Palma, um oásis no Alentejo, também lançou um pacote onde quem fica 4 noites ganha a 5ª – e ainda incluiu upgrade para quarto com lareira, meia pensão e 15% de desconto em todas as atividades. O pacote sai a € 980 para duas pessoas e é válido de domingo a sexta.

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“Teletrabalho” no Torre de Palma: todo o conforto do hotel em clima de escritório (Divulgação/Reprodução)
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O café da manhã do Grand House: delícias do Algarve (Bruno Barata/Reprodução)

No Algarve, o Grand House escolheu promover os dois grandes feriados portugueses de dezembro (nos dias 1 e 8). Quem ficar 6 noites (de 26/11 a 02/12 ou de 3 a 9/12) paga apenas 4 (desde € 932).

Se são estas políticas que vão salvar a economia e o desejo de novos horizontes no que parece se apresentar como um longo e tenebroso inverno? Provavelmente não. Mas é aquela velha história: fazer dos limões…

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