Além-mar

Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Guia Comporta Verão 2018: um restaurante gourmet

A Cavalariça trouxe chefs diretamente das cozinhas badaladas de Londres

Por Rachel Verano
Atualizado em 31 jul 2018, 15h59 - Publicado em 26 jul 2018, 16h43
O salão do restaurante, nas antigas baias dos cavalos: imperdível
O salão do restaurante, nas antigas baias dos cavalos: imperdível (Bruno Barata/Reprodução)

Há 5 anos, os portugueses Bruno Caseiro e Filipa Gonçalves trocaram a psicologia e o design gráfico pelos fogões e panelas. A paixão pela cozinha foi tão arrebatadora que os levou até diferentes cantos do mundo (inclusive a São Paulo, para uma temporada no DOM, de Alex Atala), até que a dupla foi parar em Londres.

Filipa e Bruno: paixão pela cozinha
Filipa e Bruno: paixão pela cozinha (Bruno Barata/Reprodução)

Em solo inglês, os novos chef e confeiteira trabalharam lado a lado com o festejado chef português Nunu Mendes e passaram por cozinhas badaladas como a do Chiltern Firehouse e a do Ours. Até que…

Fábio Nobre em ação: coquetéis espetaculares
Fábio Nobre em ação: coquetéis espetaculares (Bruno Barata/Reprodução)
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…no verão do ano passado, mais uma vez, o casal arrumou as malas. Dessa vez, para decolar da terra da rainha diretamente para os arrozais à beira-mar do Alentejo. O convite veio do restaurateur Christopher Morrell (inglês, sócio do restaurante Murano, dono de uma estrela Michelin em Londres). A proposta? Abrir um restaurante gourmet na praia mais cool de Portugal.

Bruno Caseiro: da psicologia para as panelas, para cozinhar o que gosta de comer
Bruno Caseiro: da psicologia para as panelas, para cozinhar o que gosta de comer (Bruno Barata/Reprodução)

Assim nasceu A Cavalariça, instalado numa… cavalariça, ou cocheira. Inicialmente toda a vila da Comporta era uma herdade, e era ali que ficavam os cavalos. Num ambiente branquinho, ainda com as divisões de baias e com grandes janelas de madeira, come-se hoje aquela que é seguramente das mais sutis e elaboradas refeições do litoral alentejano.  

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Gyoza de massa caseira com porco de coentrada e molho agridoce com malagueta
Gyoza de massa caseira com porco de coentrada e molho agridoce com malagueta (Bruno Barata/Reprodução)

Não que haja frescura ou mimimi. Pelo contrário. Há técnica, há ingredientes sempre frescos, há a predileção pelos pequenos produtores locais. E há um chef mimado, que diz que só prepara o que gosta de comer e de cozinhar. Ainda bem que Bruno tem bom gosto. Férias das férias – você sabe parar?“Cada item do menu tem que se sustentar; mesmo os acompanhamentos têm que ser o melhor que há”, apregoa.

Aspargos escoltados por creme hollandaise defumado
(Bruno Barata/Reprodução)
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Aos fatos. A ideia, aqui, é pedir uma série de coisinhas para partilhar. No nosso almoço, aceitamos as sugestões do chef e provamos um gyoza de massa delicadíssima feita na casa, recheada com uma releitura de uma grande especialidade alentejana: o porco de coentrada. O molho agridoce com lâminas finíssimas de malagueta era tipo o golpe de misericórdia a cada mordida.

Na sequência, embarcamos nos aspargos acompanhados por um cremoso e denso molho hollandaise defumado. E ainda provamos um acompanhamento que é a marca registrada da casa: as batatas com bacon e pimenta – na verdade, as lâminas finíssimas e crocantes e impecáveis e perfeitas de batata.

A batata em mil lâminas: ultra crocante
A batata em mil lâminas: ultra crocante (Bruno Barata/Reprodução)
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Filipa não está mais na cozinha – é, hoje, a gerente da casa. Mas o grand finale pode ser, por exemplo, um pudim de cítricos com azeite ou um zabaione de morangos com flor de sabugueiro.

Em tempo: a dupla “importou” de Londres um nativo da região emigrado há tempos, o bartender Fábio Nobre. De suas mãos saiu aquele que é o coquetel preferido das minhas humildes décadas de vida: o Cavalariça Sour, uma combinação de Amarguinha (o licor de amêndoa amarga que eu sou fã), vinho do Porto Tawny 10 anos, limão e suco de maçã. Golpe de misericórdia: a borda do copo mergulhada em amêndoas trituradas. Sim, eu tenho o paladar ligeiramente infantil e doce. E sim, eu iria a pé até a Comporta neste minuto só para beber mais um.

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