É possível ir de Lisboa a Cascais por dois caminhos principais: a autoestrada A-5, onde leva-se pouco mais de meia hora para percorrer 30 quilômetros; e a Nacional N-6, onde o tempo aumenta para 45 minutos embora a distância seja um pouco mais curta. Em situações normais, a primeira seria a opção escolhida pela maioria dos motoristas. Não os mais poéticos.
Rente ao Tejo e depois às águas do Atlântico, a N-6, também conhecida como Marginal, é uma viagem – no sentido literal e figurado. De um lado, os olhos são constantemente hipnotizados pelas diferentes nuances do mar; do outro, a concorrência se dá por alguns dos mais impressionantes palacetes portugueses, que não raro instigam a nossa imaginação sobre o que se passa por trás daqueles muros altos, entre jardins frondosos, palmeiras imperiais e elegantes fachadas em tons pasteis.
Pois bem. Agora já é possível transpô-los.
Recém-inaugurado, o Estoril Vintage Hotel ocupa uma imponente residência amarela de 1917 estrategicamente localizada a poucos passos da Praia das Moitas, no limite geográfico entre o Estoril e Cascais. Projetado pelo famoso arquiteto e pintor Tertuliano Marques em estilo barroco, revela também traços clássicos e eruditos na arquitetura que não poupa em salões grandiosos, escadarias aristocráticas e varandões e varandins que se abrem para a sempre fresca brisa do mar.
“Hotelaria para mim é serviço”, resume Rosarinho Líbano Monteiro, a proprietária, que, depois de transformar sua antiga casa no hotel (e se mudar para uma outra construída no mesmo terreno), está sempre presente para supervisionar os mínimos detalhes – além de fazer questão de cumprimentar todos os hóspedes do hotel no café da manhã, como se fossem convidados da família. “Eu viajo muito e quis reproduzir aqui o que considero o melhor”, diz ela, ao lado da filha e do neto, um bebê que dormia nos braços da mãe.
E o que dona Rosarinho considera “o melhor”? Isso descobre-se com vagar ao longo dos dias, entre leituras nas salas forradas com madeira, almoços na beira da piscina, drinques preparados pelo Marco no bar (entre afrescos dos anos 1920 assinados pelo pintor João Reis). Também percebe-se uma clara queda pelo english lifestyle – seja em detalhes da decoração, seja nos jogos de tabuleiro, seja no chá das cinco ou no sotaque de alguns hóspedes.
Gerido pela Amazing Evolution, sempre atenta às melhores experiências em serviços de hotelaria, o Estoril Vintage tem apenas 18 quartos, cada um decorado de uma maneira, e detalhes que vão de cortinas românticas nas janelas dos banheiros a roupas de cama em algodão e cetim, passando por máquina de expresso, amenities Molton Brown e um controle remoto que desliga todas as luzes do quarto a um clique porque ninguém é obrigado a ter que levantar para apagá-las.
A decoração, assinada pela renomada designer de interiores Graça Viterbo, é capaz de nos transportar para outras épocas, com direito a toques bem portugueses, caso de painéis seculares de azulejos.
Serviço também se faz de pessoas, claro. Principalmente delas. E aqui ele tem nome: Luciano, Rui, Senhor Santos. Se faz de louças – um serviço personalizado da Vista Alegre em tom rosa salmão (com xícaras largas e finas, minha obsessão). E se faz de detalhes: a batata frita caseira que acompanha os aperitivos; o café da manhã sem pressa de acabar; as toalhas (muito) felpudas espalhadas pelas espreguiçadeiras da piscina; ou o pão de queijo quentinho que o garçom vem trazer porque sabe que é a sua paixão.
Durante o dia, o ritmo da cozinha é ditado por saladas e sanduíches. À noite, o cardápio dá o ar da graça com pratos como magret de pato e bacalhau. Mas a melhor refeição é mesmo o café da manhã (diga ‘pequeno almoço’), servido numa sala decorada com móveis e louças de época, para ser tomado sem pressa sob a clarabóia da sala adjacente ou, sempre que o tempo permitir, na varanda ou no jardim.
São assim os dias do lado de dentro dos muros altos e misteriosos da Marginal no Estoril. E o cheiro de maresia vem de brinde.
Anote aí: o Estoril Vintage Hotel tem diárias desde € 219, com café da manhã. Reserve aqui.
Leia também o outro texto que escrevi com 10 razões para se hospedar no Estoril.