Kaffir Sour, Uivo ou… Organized Konfusion? No mais novo – e cool – bar de Lisboa, todo pedido tem a sua devida responsabilidade. Instalado numa ruela escura ladeada de estacionamentos clandestinos e algumas fachadas em ruínas, num ponto quase suspeito do Cais do Sodré, o Dahlia é para amantes de bons drinques, vinhos naturais e discos de vinil escolhidos a dedo – tudo na mesma medida. Mas não só.
Com ares de speakeasy e umas poucas mesas enfileiradas num corredorzinho estreito (e no balcão), o endereço demorou pouco para cair nas graças dos portugueses e estrangeiros descolados ávidos por um lugar com cara de Berlim ou Nova York, com música alguns decibéis acima do costume, discotecagem apaixonada, barbas e bigodes do outro lado do balcão. Reservar é altamente aconselhável.
Mas o Dahlia não para por ai, embora já fosse suficiente. Na cozinha, brilha o brasileiro Vítor Oliveira, ao lado de Daniel Rivera, com deliciosos pratos para dividir – começando pelos bolinhos de feijão, feitos com a mesma técnica do acarajé, mas com feijão frade, e acompanhados por um molho de tomate caramelizado com um toque de cacau.
O menu maioritariamente vegetariano, com opções vegan inclusive, segue com receitas delicadas e dignas de restaurante, em versões miniatura: rosti de batata doce com molho de amoras fermentadas; uma surpreendente salada de melão com kombucha, menta e gergelim preto; uma massa caseira de ovos com pasta de castanha de caju, berinjela e molho picante.
Mas também tem javali, peixe, camarão… esse último selado, com coco e chili. Para encerrar, provei duas das três sobremesas: arroz doce caramelizado com limão preto e um inesquecível bolo morno de figos com calda de pastinaga. Um Uivo* para acompanhar?
*A quem interessar possa, o Uivo é um dos expoentes da moda dos vinhos naturais em Portugal, produzido no Douro. Ainda levarei anos para entender e amar vinhos naturais, mas sigo tentando. Este, por acaso, estava bom.
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