Dos emails que recebo de leitores, a maioria é pedindo ajuda para montar um roteiro pela Toscana que seja completo e, ao mesmo tempo, executável em poucos dias.
A região é repleta de cidadezinhas lindas e, por isso, a viagem que vou descrever aqui não é a única opção possível – é apenas a minha sugestão.
Ela consiste em alugar um carro e utilizar Florença como base para passeios de bate e volta pela Toscana. Agrupei as cidades que considero mais imperdíveis por proximidade, de forma que você conheça no máximo três delas por dia.
Isso funciona bem porque a cidade mais distante do roteiro fica a apenas 1h40 de carro de Florença. Além disso, a maioria delas é pequena e tem um número restrito de atrações turísticas (o que não significa que sejam menos charmosas).
Ao final, você terá conhecido as cidades mais famosas da Toscana e também as que são verdadeiros achados. Vamos lá:
Dias 1 e 2 – Florença
A capital da Toscana pode não ser tão grandiosa quanto Roma, mas há quem a considere mais bonita. Às margens do rio Arno, Florença guarda palácios, igrejas e nada menos que 40% de todo o acervo artístico da Itália. Ou seja, é impossível conhecer a cidade inteira em apenas dois dias.
Com esse tempo à disposição, foque nas principais atrações: a Galleria dell’Accademia, a Basilica di Santa Maria Novella, a Cattedrale di Santa Maria del Fiore, o Palazzo Vecchio, a Galeria degli Uffizi, a Ponte Vecchio, o Palazzo Pitti e a Piazzale Michelangelo.
Dia 3 – Pisa, Lucca e Pistoia
Saindo de Florença, dirija por pouco mais de uma hora até Pisa, para conhecer a famosa torre inclinada nas primeiras horas do dia. Basicamente, o programa consiste em ir até a Piazza dei Miracoli, onde ficam a Torre di Pisa, a Cattedrale, o Battistero e o Camposanto.
Cerca de 20 quilômetros adiante, Lucca tem um centro histórico cercado por uma muralha – é imperdível alugar uma bicicleta para pedalar sobre ela! Queimadas as calorias, reponha toda elas na Piazza Anfiteatro, que tem boas opções de restaurantes para o almoço. Por fim, faça a digestão com um passeio pelo Palazzo Pfanner, que também funciona como hotel.
Depois de dirigir por mais 30 minutos, seu dia pode terminar em Pistoia, que, apesar de ser pouco visitada, foi eleita Capital Italiana da Cultura em 2017. A escolha foi baseada no rico patrimônio arquitetônico da cidade, sendo que as principais construções ficam na Piazza del Duomo.
Dia 4 – San Gimignano, Volterra e Monteriggioni
San Gimignano fica a menos de uma hora de Florença e de longe já é possível avistar suas 14 torres medievais, erguidas entre os séculos XI e XIII para simbolizar a riqueza e o poder de cada família. Dê início à comilança do dia na Piazza della Cisterna, onde você deve provar o gelato da Dondoli, que já ganhou prêmio de melhor sorvete do mundo. Depois, acabe com a culpa subindo na Torre Grossa, a mais alta da cidade.
Recuperado o fôlego, siga mais 30 quilômetros em direção à Volterra, que guarda a maior herança etrusca do país – o Museo Guarnacci expõe objetos encontrados em escavações arqueológicas. Como se não bastasse, há também as ruínas de um Anfiteatro Romano e um centrinho medieval.
Completamente medieval é Monteriggioini, uma fortaleza do século XII que foi construída no alto de uma colina para proteger Siena dos ataques de Florença. O interior dela é pequeno, mas ainda assim imperdível. Se sua viagem for em julho, tente coincidir sua visita com a Festa Medieval de Monteriggioini.
Dia 5 – Siena, Montalcino e Montepulciano
A 75 quilômetros de distância de Florença, Siena é famosa por receber todos os anos, nos dias 2 de julho e 16 de agosto, a corrida de cavalos do Palio. O evento acontece na Piazza del Campo, que tem formato de leque e guarda a Torre dei Mangia, de 102 metros de altura. Outra atração interessante é o Duomo, que pretendia ser o maior templo cristão da Europa antes da peste negra tomar conta da cidade.
A uma hora dali, Montalcino dá início à porção “vinícola” da viagem. O próprio nome da cidade já remete ao Brunello di Montalcino, um dos melhores vinhos italianos. Vale dar uma voltinha pelo centro da cidade e conhecer La Fortezza, que guarda uma enoteca em seu interior.
Mais 45 minutos de carro levam a Montepulciano, outra que fica bem no alto de uma colina. Encerre o dia com as vistas panorâmicas do Tempio di San Biagio, igreja considerada exemplo da arquitetura renascentista.
Dia 6 – Arezzo e Cortona
Nessa porção da viagem, a expressão “cenário de filme” ganha sentido literal. Percorrer os 77 quilômetros que separam Florença de Arezzo valem mais a pena se você tiver assistido ao filme “A vida é bela”, de Roberto Benigni. Várias cenas foram gravadas na Piazza Grande, coração da cidade. Já a frente da Chiesa di San Francesco foi o local onde Guido convida Dora para tomar um sorvete.
A 40 minutos de carro, Cortona, por sua vez, foi cenário do filme “Sob o Sol da Toscana”, adaptação do livro de mesmo nome de Frances Mayes. Ali, a graça é se embrenhar pelo centrinho até a Fortezza Medicea, ponto mais alto da cidade. A casa usada para as gravações fica nos arredores e atualmente funciona como um agriturismo.
Dia 7 – Greve in Chianti e Panzano in Chianti
Caso você tenha interesse em vinhos, pode dedicar seu último dia à degustações na região do Chianti, importante produtora de vinhos. O site chianticlassico.com traz a lista completa de vinícolas para você escolher.
A porta de entrada é Greve in Chianti, a 45 minutos de Florença, onde vale parar para comprar alguns produtos regionais na Antica Macelleria Falorni. A cidade também guarda a Villa Vignamaggio, casa onde teria nascido a Monalisa que hoje funciona como hotel e vinícola.
Logo ao lado, Panzano in Chianti é uma boa parada para o almoço. Ali fica a Antica Macelleria Cecchini de Dario Cecchini, talvez um dos açougueiros mais famosos do mundo. No andar de cima, o restaurante Dario Doc serve hambúrguer ou bife com batatas assadas e vegetais.
Siga-me no Instagram: @barbara.ligero
[googlemaps https://www.google.com/maps/d/embed?mid=1esa3hHnruogNlMzale0Bau20Gos&w=640&h=480%5D