Perambular em uma noite de sexta pela região da Avenida Rangel Pestana, no Brás, já foi um programão até os anos 1960, quando sobravam cantinas e cinemas erguidos pelos italianos (meu nonno Salvador conta que a paquera ocorria na rua mesmo).
O pedaço hoje é meio barra-pesada, há inclusive umas prostitutas visivelmente debilitadas na região, mas o velho letreiro iluminado da Castelões e seu vigia de quepe continuam lá.
A primeira pizzaria da capital, de 1924, não sonega a idade: conserva um rústico balcão de antepastos e, nas paredes, antigas fotos de políticos, futebolistas e atores que se misturam a flâmulas e uísques que parecem estar lá há 91 anos – assim como os garçons, há décadas com a famiglia Donato, que toca o local de geração em geração.
Pedi a pizza que leva o nome da casa e comprovei que a mussarela combinada com a linguiça caseira curada (e seu leve toque de erva-doce) ainda ornam bem com o tinto da casa.
Quem curte alho tem de provar a napolitana, que harmoniza com a avantajada borda com casquinha de queijo tostado. Como o tempo não passou na Castelões, nada mais justo do que a dinastia Donato não aceitar cartões.
Pizzaria Castelões
Rua Jairo Góis, 126, Brás
11/3229-0542, casteloes.com.br