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11 motivos pra um mooquense se orgulhar do que há de mais de raiz no bairro

Por Bruno Favoretto
Atualizado em 27 fev 2017, 15h09 - Publicado em 24 mar 2016, 09h40
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A leitora Flávia Rossi, que hoje vive em Milão, na Bota, me escreveu recordando um antigo texto que fiz sobre a Mooca num longínquo passado. Felizão, li que ela gostaria de lê-lo novamente, devidamente atualizado, como abaixo 😉

“Bruninho, quer ir com a mamãe pra Cidade?”. Quantas vezes ouvi a Dona Vera falar isso. É que somos do bairro paulistano da Mooca, onde ainda é comum chamar o Centro paulistano de “Cidade”. Minha mamma, descendente de napolitanos e espanhóis, não só ainda vai à Cidade como adora “passear lá embaixo”, uma referência ao retumbante comércio da Rua da Mooca que se concentra da esquina com a Avenida Paes de Barros à Rua Borges de Figueiredo. Aquilo ali pode não ter glamour, mas, pra quem é insider como eu, é uma espécie de Times Square sem luzes.

Essas características macarrônicas dão à região ar peculiar em tempos de Snapchat, Periscope… Gostamos de colocar o banquinho na calçada e bater papo, mas a crescente verticalização tem deixado as ruas menos ocupadas do que de costume.

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Os imigrantes chegavam ao bairro por esta plataforma / Foto Bia Parreiras

Embora não tenhamos grande espaço na mídia, que evidencia muito mais as zonas oeste e sul, temos hino. Temos bandeira. Temos brasão. Temos dificuldade com plurais por um resquício da imigração italiana dos séculos 19 e 20 – o idioma não prevê “s” no plural – e não ligamos nem um cazzo. Tem até samba que não é dos Demônios da Garoa nem do Adoniran:

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E tem gente que diz que, no bom sentido, somos xenófobos e só falamos da Mooca. Por que fazemos isso? Porque dificilmente a mídia vai falar algo do bairro que não seja sobre o jogo do Juventus na Javari, o Elídio Bar ou a tradicional confeitaria / trattoria Di Cunto (com filial no Mooca Plaza Shopping), na ativa desde 1935.

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Passei a infância no balcão do Elídio com meu pai / Foto Eduardo Albarello

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Sim, a coxa-creme do Elídio é memorável e a Di Cunto tem ótimas versões dos italianíssimos zeppole e sfogliatelle, mas nem todos manjam o Pastifício Carasi, que tem uma saltenha de quatro queijos macia e deliciosamente pouco canônica.

Temos tanto orgulho desses 456 anos (completados no dia 17 de agosto) porque não nos falta nada. Faculdades? Temos três. Teatros? Dois, um deles o modernista Arthur Azevedo, de 1952 e com chorinho gratuito. Pizzarias? São 100, segundo a subprefeitura – minhas preferidas são a Do Angelo e a São Pedro, inaugurada em 1966, um ano antes da lendária e vizinha Esfiha Juventus.

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Sfogliatelle da Di Cunto, um ponto turístico / Foto Bia Parreiras

Até uma simples compra doméstica na Mooca tem ar de museu se você for ao Extra (Rua Javari, 403), uma construção de 1897 tombada pelo Condephaat. Lá funcionara o Cotonifício Crespi, palco da primeira grande greve do país, em julho de 1917.

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Nossa bandeira tem o Conde Crespi, fundador do Juventus

Outro ponto de atenção na Mooca são as padarias. De 1897, a Famiglia Franciulli, na esquina das ruas Agostinho Lattari e Capitão Pacheco e Chaves, foi superada pela fartura encontrada na Praça dos Pães e na Cassandoca. Mas ainda há aquelas com mais cara de padaria e que valem a visita, como a Monte Líbano, perita na pasta de alho.

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Uma das tantas vilas operárias da Mooca / Foto Eduardo Alabarello

Eu poderia ficar garganteando sobre cantinas, hamburguerias, docerias e outras “erias”, mas vou aproveitar o tempo que resta hoje num papo com meus amigos de infância na Rua Pires de Campos. Pois, diferentemente do que dizia Nelson Rodrigues, a melhor forma de solidão é a companhia de um paulistano da Mooca. Um lugar onde decretamos ódio eterno à vida moderna – e ao futebol moderno, como prega a torcida juventina Setor 2.

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