O mar de cores azul e verde, repleto de piscinas naturais e uma paisagem formada por dunas, falésias, lagoas e vastos coqueirais: o deslumbrante litoral alagoano enche de orgulho quem mora por essas bandas e encanta seus visitantes.
Nesse e no próximo post, irei dissecá-lo a partir da AL-101, uma autêntica estrada litorânea, que por vezes passa rente ao mar. Começo pelo trecho sul, com 137 km entre o Centro de Maceió e Piaçabuçu, que já não está no litoral, mas é o ponto de partida para conhecer a foz do Rio São Francisco, um passeio campeão de audiência.
A saída de Maceió é pela duplicada Avenida Assis Chateaubriand, que corre paralela ao mar, mas vamos ser sinceros, num trecho sem grandes emoções. Se antes de pegar praia você quiser um programa cultural, entre no bairro Pontal da Barra. Lá, a Rua das Rendeiras é o endereço de dezenas de lojas especializadas em artigos feitos com a renda do tipo filé.
A ponte sobre a Lagoa Mundaú marca o início do trecho sul da AL-101, ainda com pista duplicada. Além da Mundaú, também é possível atravessar a Lagoa Manguaba, o que faz qualquer pessoa finalmente entender o porquê do nome do estado.
Hit nos anos 80 e 90, a Praia do Francês é a primeira parada. Se não exibe o viço de outrora – Francês era considerada um dos points mais agitados do Nordeste – ainda reúne uma galera bem eclética: do lado direito, famílias buscam o mar mais ameno. Na outra extremidade, quem bate ponto são os surfistas em busca das ondas violentas.
O trecho de 7 km entre a Praia do Francês e a entrada de Barra de São Miguel é puro deleite: a rodovia encosta no mar, entre eles, apenas um coqueiral. Reduto dos maceioenses, Barra de São Miguel mostra muitas casas de veraneio. Além da distância camarada, a praia de São Miguel explica a predileção: quase toda protegida por uma enorme barreira de recife, que praticamente forma uma piscina durante a maré baixa.
Fica em Barra de São Miguel uma das praias mais desejadas do litoral nordestino. Mais precisamente do outro lado da Lagoa do Roteiro, a Praia do Gunga, localizada em uma fazenda de coqueiros, seduz seus visitantes. Há duas formas de chegar lá: do píer central saem passeios de barco que dão um rolê pela lagoa até chegar à praia, mas quem está de carro, pode acessá-la pelo Mirante do Gunga, no outro lado da lagoa, AL-101 adiante. Nesse caso desembolsa uma grana para pagar o estacionamento. O desembarque das embarcações fica próximo onde o carro para, próximos às barracas de praia, no encontro da lagoa com o mar. Nesse ponto há gente para caramba, cheiro de fritura e som alto. Para curtir o Gunga, basta caminhar 100 m em qualquer direção. Se quiser conhecer as falésias, alugue um quadriciclo ou faça um passeio de bugue, elas ficam um pouco distantes do núcleo principal. O mirante na estrada dá a exata ideia do que é o Gunga, com seu vasto coqueiral a proteger a praia de águas bem azuladas.
De volta a AL-101, já num trecho de pista simples com plantações dos dois lados. O tráfego meio carregado de caminhões já não existe e a estrada é praticamente só sua. A estrada volta a tocar o mar 15 km adiante, na praia da Lagoa Azeda, tendo barcos de pesca e paredões de recife como cenário. Há ainda um barco naufragado que esteve presente na Segunda Guerra Mundial.
Vendido nas agências de Maceió como um passeio bate-volta com traslado incluso, o complexo Dunas de Marapé, em Jequiá da Praia, pode ser visitado por quem vem de carro próprio – nesse caso, o ingresso inclui a travessia de barco sobre o Rio Jequiá e o almoço. Antes de mais nada, saiba que você não encontrará dunas por lá, mas sim coqueiros, uma praia gostosa e um rio cercado de mangue, onde se pode andar de caiaque e stand up paddle. Sem contar a boa infra de bar e restaurante.
A seguir, em minha opinião, o município mais injustiçado do litoral alagoano: Coruripe e seu vasto litoral de 30 km, com extensas praias, protegidas por coqueiros e canaviais, ótimas para caminhar e ondas nem sempre amigáveis. As mais estruturadas são Lagoa do Pau e Pontal do Coruripe (ao norte) e Miaí de Baixo e Miaí de Cima (ao sul). De quebra, vale parar no centrinho para ver o artesanato feito em palha de ouricuri, uma espécie de palmeira local. Os artesãos expõem os produtos nas calçadas de suas residências.
Feliz Deserto é o nome da próxima cidade e da praia homônima. Nome mais conveniente não há: nos quase 4 km de faixa de areia, raramente se encontra alguém. Para quem gosta de um lugar com coqueiros, fortes ondas e ventos constantes, esse é o lugar.
Colônia de pescadores, a praia do Pontal do Peba marca o fim do litoral alagoano. Os barquinhos coloridos e as redes de pesca marcam presença, mas o que mais chama a atenção é a profusão de dunas amareladas. Atrás dela, o encontro do gigante Rio São Francisco com o Oceano Atlântico. Chegar lá caminhando pelas dunas é uma tarefa insana. Por isso, basta dirigir um pouco mais até a Piaçabuçu – na pequena cidade saem os passeios de barco até a foz do Velho Chico. No caminho, além das dunas, vemos manguezais, um vilarejo destruído pela ação do rio e algumas ilhas fluviais. No percurso, um tempo para um banho em uma lagoa e caminhada sobre as dunas.