Verão na Europa: Grécia ou Croácia?
Como sei que muita gente fica em dúvida entre um e outro, aqui vai minha ajudinha para que a decisão seja mais suave
Poucas coisas são tão prazerosas na vida do que estar à beira do Mediterrâneo (e seus “derivados” Adriático, Egeu, Jônico…). Daí pinta uma questão existencial: onde fincar o guarda-sol?
Como sei que muita gente fica em dúvida entre um e outro, aqui vai minha ajudinha para que a decisão seja mais suave:
Ilhas: onde você quer estar no verão
Conhecer todas as ilhas gregas e croatas é tarefa para uma vida. Ou seja, muita calma nessa hora. A Grécia conta com mais de 3 mil (140 inabitadas), enquanto a Croácia soma mais de mil (66 delas inabitadas). Em ambos os casos você vai precisar mirar bem no alvo para que uma boa parte da viagem não escorra pelo ralo em deslocamentos. Na Croácia, as ilhas são mais próximas e raramente os trajetos de barco e ferry levam mis de 2h30. Já na Grécia, alguns percursos por mar podem demorar mais de 10 horas. Eis aqui uma vantagem competitiva da Croácia.
Os grandes hits (e as melhores praias)
O mais famoso dos arquipélagos gregos é o das ilhas Cíclades. Entre elas, a mais célebre é Santorini, com seu inconfundível semblante vulcânico cravejado de casinhas brancas e cúpulas coloridas. Mykonos é outra grande estrela, com seus moinhos, casinhas brancas de portas coloridas e praias de areia branca.
As ilhas mais conhecidas da Croácia são as da Dalmácia, acessíveis da cidadezinha de Split. Hvar é a mais hypada. Vis é montanhosa e mais tranquila. Brac é point de windsurfe e kite surfe, e também tem a praia mais famosa do país (Zlatni Rat).
Ok, mas onde estão as melhores praias? A Grécia tem praias de areia de todas as cores, falésias, enseadas de pedrinhas, formações rochosas que você nunca viu na vida e outros cenários variados e absurdamente espetaculares. Já na Croácia, o que pega é a cor da água. A maioria das praias são feitas de pedrinhas, que conferem brilho e transparência extra à cor do mar, num tom esmeralda (um sapatinho de neoprene é meio questão de sobrevivência pra fugir da “foot massage”). Quais eu, Adriana, prefiro? Acho que aqui a Grécia dá uma surra. Ainda que meus olhos também brilharam na Croácia…
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A balada
A Croácia está suuuper na moda – inclusive entre brasileiros, que invadiram Hvar em massa nos últimos tempos (escutei uma conversa de uns locais num restaurante falando justamente sobre isso). Quem viaja com a ideia de se acabar de sol a sol vai ser muito feliz em Hvar, nos beach clubs Hula Hula e Carpe Diem e nos botecos do vilarejo. Quem tem 20 e poucos anos também vai amar a ilha de Pag, mais ao norte.
Já na Grécia, entra ano, sai ano, e Mykonos continua a ser bombástica e gloriosa para quem quer passar o verão com o dedinho pra cima, seja no beach club Skorpios ou na baladona mortal do Cavo Paradiso. Não tem erro. Se você tem 20 e poucos anos, também vai erguer as mãos aos céus em Ios. E ainda tem o agitinho low profile de Naoussa, em Paros, pra você incluir na lista, entre muitos outros lugares charmosos.
Ou seja, nesse quesito eu acho que rola um belo empate técnico.
História
Você tenderia a acreditar que a Grécia ganha de mil nesse quesito, certo? Não é bem assim. Se tem algo que me deixou boquiaberta nessa última viagem pela Croácia é o poder do patrimônio histórico do país. Em ilhas como Vis e Hvar, fiquei chocada com o arsenal histórico dos vilarejos. É óbvio que a Croácia não tem nada como a Acrópole e o museu arqueológico de Atenas, mas tem o Palácio de Diocleciano em Split, ruínas romanas em Zadar e em Pula, fortalezas e muralhas milenares e uma lista surreal de cidadezinha com milhares de anos de história: Trogir, Hvar, Castella, Vis, Komiza, Stari Grad…. A lista não tem fim. E, a quem possa interessar, várias serviram de cenário para a série Game of Thrones, o que está gerando uma espécie de peregrinação de fãs ao país.
Já á Grécia… Tem ruínas e sítios arqueológicos de peso por todo o país, o palácio de Knossos em Creta, as cidadezinhas históricas da península do Peloponeso, na Grécia continental… Uma coisa de louco. Enfim, tudo isso pra dizer que, nos dois países, você vai voltar com a barriga cheíssima de história.
Gastronomia
Os dois países produzem ótimos vinhos e orgulham-se de seus rótulos brancos e tintos. Em ambas as cozinhas, se destacam os peixes e frutos do par, por motivos óbvios: farte-se de lula, polvo e peixe fresco. Mas… Na minha modesta opinião, a cozinha grega tem muito mais personalidade, vai muito além da salada de feta e da moussaka e muito dificilmente decepciona, mesmo nas tavernas mais simples. Assim como para os italianos, na Grécia comer e servir bem é uma questão de honra.
Os croatas comem pratos a base de cordeiro e pato no interior e, na costa, peixes e frutos do mar – o que não tem muito erro. Mas senti falta de um sabor que me marcasse a memória, sabe assim? A exceção vai para o presunto defumado da Dalmácia, uma verdadeira iguaria. Imagino que a Croácia tenha muitos outros sabores a descobrir… Talvez eu precisasse ir mais fundo (algo que na Grécia não é necessário para ficar apaixonado). Ponto para a Grécia.
As capitais
Atenas, a capital grega, foi um dos berços da civilização ocidental e preserva as marcas desse passado de glória em pleno centro da cidade. A Acrópole, majestosa, coroa a metrópole de mais de 3 milhões de habitantes e é um lugar que merece posição de destaque na lista de “lugares para conhecer antes de morrer”, com suas colunas simétricas e os demais templos que a rodeiam. Completam o arsenal ateniense dois museus imperdíveis — o de antropologia e o da Acrópole – além de bairros históricos forrados de mármore e fechados para automóveis onde enfileiram-se restaurantes, bares e lojinhas. Bom, isso sem falar da vida noturna, uma verdadeira explosão.
Já Zagreb, a capital croata, merece uns dois dias da sua atenção. A cidade tem um centro histórico imponente, avenidas e palacetes que parecem ter sido xerocados de Viena e Budapeste e vida noturna respeitável.
De qualquer forma, acho que não faz nem sentido comprar Zagreb com Atenas, certo?
O meu palpite
Grécia e Croácia são lugares que você definitivamente deve incluir no topo da lista. E você voltará de barriga cheia dos dois países em todos os aspectos. No entanto, acho que a Grécia merece prioridade – e também é para repetir muitas vezes ao longo da vida, sempre com novas possibilidades de destinos. Por outro lado, para quem tem pouco tempo (menos de 10 dias), a Croácia é mais compacta e manejável, já que as distâncias são curtas e as atrações bem concentradas. No mesmo período pela Grécia, você ficará com aquela sensação aflitiva de que não deu nem para o aperitivo, sabe assim?
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