Quanto mais me apaixono por um lugar, maior a dificuldade de escrever sobre ele. Portanto, começo este post conformada: não vou conseguir colocar em palavras tudo o que vivi em Vanuatu. Da mesma forma, minhas fotos não serão capazes de transmitir toda a beleza do lugar (para ter uma ideia melhor, veja os vídeos nos destaques do meu perfil no Instagram, em @drisetti).
Não é à toa que você provavelmente nunca ouviu falar de Vanuatu. Com apenas 270 mil habitantes, no remoto Pacífico Sul, este país insular fica longe de tudo. Até das dores e delícias da vida moderna.
Suas primeiras duas – e únicas – estradas asfaltadas ficaram prontas em 2011. Para grande parte da população, os telefones celulares só se materializaram em 2007, quando foi desbancado o monopólio das telecomunicações que mantinha os aparelhinhos (carésimos!) nas mãos de apenas 10% dos vanuatuenses.
Tendo como principal atividade a agricultura, em sua maioria para mera subsistência, o arquipélago exporta uma pequena quantidade de café (plantado nas encostas do vulcão de Tanna), madeira e copra (polpa seca do coco). Fora das imediações de Port Vila, a capital, o turismo está apenas começando e a mentalidade capitalista passa longe.
Nos 16 dias que passei no país, ninguém quis me vender nada. Ninguém me pediu nada. A explicação é simples: em Vanuatu, as pessoas estão felizes com o que têm, mesmo que isso seja uma cabaninha de bambu e um pedacinho de terra para plantar tubérculos, mamoeiros e flores.
Não à toa, essa terra repleta de praias perfeitas, vulcões e florestas intocadas sempre faz bonito no Happy Planet Index. Sem levar em conta o crescimento do PIB ou aquilo que outros indicadores consideram “qualidade de vida”, o HIP mede o que realmente importa: a felicidade das pessoas, com base na satisfação com a vida, na igualdade social e no impacto que cada cidadão gera no meio ambiente. No último ranking publicado, em 2016, o país aparece em quarto lugar, atrás da Costa Rica, do México e da Colômbia. Em medições anteriores, Vanuatu já chegou a ser Top 1.
Nesta terra feliz, as pessoas não riem à toa: elas gargalham alto. Ao longo de toda a viagem, fui engolfada por essa alegria explosiva dos locais (veja no meu Instagram a quantidade de vezes que essas risadas aparecem nos vídeos). Todas as pessoas com quem cruzamos pelo caminho sorriram e saudaram. O dono do bangalô onde alojei-me deu tantas demonstrações de generosidade enquanto estivemos por lá que não conseguimos conter o choro na hora da despedida (quando ele encarou uma hora de viagem para nos levar ao aeroporto, de graça, às 5am, na rebarba de um ciclone). Poderia passar o dia inteiro aqui listando os pequenos atos de amor que fizeram com que voltasse para casa leve como há tempos não me sentia.
Não se fazem mais países como Vanuatu. E é justamente por isso que você deve correr pra lá antes que as coisas mudem. Nos próximos posts, darei o todas as dicas para que você também possa viver este sonho.