Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Vang Vieng, no Laos: a balada mais louca (e inusitada) do Sudeste Asiático

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h05 - Publicado em 29 mar 2009, 14h03


Tubing: “esporte” que consiste em atirar-se no rio com o auxílio de uma boia, com o objetivo de deturpar ao máximo as funções cerebrais através do consumo de substâncias liquidas de alto teor alcoólico, fornecidas por
estabelecimentos improvisados sobre palafitas de madeira.

Aperte a tecla off do seu senso crítico. Em seguida, alugue uma câmara de pneu de caminhão por 5 dólares e suba na caçamba de uma pick-up em direção à parte alta do Nam Song (rio Song). Leve com você apenas um saco plástico com um pouco de dinheiro e a disposição para enfiar o pé na lama – literalmente. E prepare o fígado, porque a primeira dose de uísque caseiro (o demoníaco Lao Lao, que segundo a lenda faz enxergar no escuro) descerá pela sua goela bem antes das doze badalas do meio dia.

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Vang Vieng é um pontinho insignificante no mapa do Laos (escondido na metade do caminho entre Luang Prabang, ao norte, e a capital Vientiane – veja mais detalhes no google Maps). Mas já é uma lenda entre os viajantes boêmios. À beira do Nam Song, a cidadezinha é cercada por uma paisagem arrebatadora, formada por montanhas e penhascos a perder de vista,
ilhotas, cavernas e arrozais. O visual, no entanto, não passa de um mero
coadjuvante para o tal do tubing.

Uma vez dentro do rio, esparramadão em cima da boia, a ideia é deixar-se pescar pelos bares do caminho. Sim, pescar de verdade. O cidadão lançará uma corda com um peso na ponta em sua direção, a qual você deve agarrar (não precisa ser com a boca…) para ser conduzido até uma escada ou rampa de acesso ao bar em questão (o que vai ficando cada vez mais difícil ao longo do dia, por motivos óbvios).

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Antes de mais nada, o “pescador” oferecerá um engasga-gato dos brabos, grátis, como drinque de boas vindas. Os hits são os uísques de fundo de quintal com cobras, abelhas e outras iguarias dentro. A seguir, as opções de lazer dos bares são as mais variadas: tirolesa (algumas altíssimas), trapézio, vôlei de praia, social puro, lagartear ao sol, ingerir litros de BeerLao, dançar, rolar na lama, nadar, etc.

Os bares mais cheios e animados são os primeiros do percurso. O resultado? Assim como muita gente, demoramos umas cinco horas para tubear os primeiros quinhentos metros do rio e, ignorando o fato do trajeto de volta a Vang Vieng levar cerca de duas horas (ou a metade disso na época de chuvas), acabamos boiando no breu total depois que o sol fatalmente
saiu de cena.

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Consequentemente, fomos obrigados a rastejar pela margem do rio e, cobertos de lama, dar um jeito de arrumar um transporte na estrada. Para completar, ainda tivemos que pagar uma multa de 2 dólares pelo atraso na devolução da boia (a hora limite, safadíssima, é 6 da tarde).

A última etapa do trajeto acrescentou pelo menos uma hora de gargalhadas ao programa, mas esteve prestes a se converter em uma robusta roubada, dada a quantidade de animais não identificados que começaram a aterrissar sobre a minha epiderme com a desaparição dos últimos raios de sol.

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PAPO SÉRIO: São necessários pelo menos 2 neurônios intactos para que a farra não acabe em desgraça em Vang Vieng. Por mais divertida e inocente que pareça, a brincadeira envolve o risco óbvio de afogamento, cabeçadas em pedras e muitas outras coisas simples de serem evitadas, mas que podem ser fatais para alguém que esteja totalmente fora da casinha. Para completar, a lista de substâncias ilícitas e perigosas oferecidas ao longo do percurso é vasta. Não faça bobagem, o negocio é sério. Vários viajantes já morreram em Vang Vieng, principalmente por afogamento e overdose.

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