Um jantar no Niño Viejo, a taqueria mexicana do chef Albert Adrià

Logo que o Niño Viejo foi inaugurado, escrevi um post falando sobre o restaurante (clique aqui para saber mais) — a primeira empreitada mexicana do superchef Albert Adrià, em Barcelona. Mas só depois consegui voltar no restaurante para a melhor parte: comer. Segue o relato.
O primeiro impacto ao entrar no Niño Viejo foi ver a pequena multidão que forma o staff, tanto na cozinha (aberta ao público), quanto na sala. Em Barcelona, estamos acostumados a implorar pela presença do garçom. Aqui, ao contrário, cada um deles atende pouquíssimas mesas e presta realmente atenção aos mais sutis gestos do cliente. Dava pra notar em cada movimento do nosso garçom, um jovenzinho italiano, que ele estava empolgado e empenhado por fazer as coisas direito. Em suma, pode esperar serviço de restaurante, ainda que o lugar seja uma taqueria informalíssima e sem frescura nenhuma. Ah, e pode comer com a mão, se lambuzar, lamber os dedos e tudo o mais que você faria numa…. taqueria mexicana.

… que se abre ao público. Eu sentei no balcão justamente na frente da jovem equipe (concentradíssima) que preparava os pratos frios
Nós exageramos. Imagino que uma pessoa “normal” comeria a metade do que nós. Mas entre o amor pela comida mexicana e o hype de ter a mão de Albert Adrià por trás daquilo, o empolgômetro foi no teto:
Aperitivos para começar: duas margueritas diferentes, que vieram acompanhados de azeitonas e amendoins temperados e deliciosos por conta da casa

Tacos e os respectivos molhinhos. Pedimos N variedades. Eles custam entre € 3,50 e € 3,90 por unidade. O campeão, matador, foi o de “carnitas com cuerito e costilla”. Ou seja, um mix de carne suína que ganha um toque crocante com pedacinhos de pele torrada.

Ficou devendo: o ceviche seria magnífico se não tivesse esse molho vermelho por cima, que acaba deixando tudo com o mesmo gosto. Ruim não é. Mas poderia ser bem melhor. Custa € 13,20.

É feio mas é muuuuuito bom: costela de porco da “abuela Flor”. O negócio derrete na boca, uma coisa de louco. Comeria todos os dias da minha vida. Custa € 10,80.
Não sou lá muito fã de coquetéis. Mas acabei provando uma marguerita de mescal para ser diferente, e outra com espuminha, mais gostosa. Os drinques, como sempre nessa vida, sobem a conta (custam uns € 10). Se eu tivesse ficado na cervejinha, dava pra continuar chamando o lugar de barato. Mas aí é que está: só tem a marca espanhola Estrella, da qual não sou muito fã. O que acontece é que a Estrella tem uma parceria comercial potente com os irmãos Ferran e Albert Adrià. Então não rola cerveja mexicana na casa, o que faria todo sentido. Michelada de cerveja vagabunda espanhola? Achei estranho. Se era pra citar um ponto fraco, ei-lo. Mas, no geral, aplausos em pé. Voltarei e recomendo.
Veja também: Hoja Santa, o restaurante de alta cozinha mexicana de Albert Adrià.
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