Um albergue roots e barato numa ilha paradisíaca em Fiji
Alguns posts atrás, falei sobre o sistema de classificação (veja abaixo) dos albergues e resorts das ilhas Yasawas e Mamanucas, o destino bom e barato do arquipélago de Fiji (clique aqui para ler o post). No imbatível Blue Lagoon Resort, que descrevo neste post, meu quarto estava cotado com “dois coquinhos”, o nível médio de preço e de conforto. Depois que saí de lá, me aventurei alguns dias num esquema mais roots, no Barefoot Manta Island, onde fiquei hospedada numa choupana com banheiro compartilhado, classificada com um coquinho. O preço era US$ 58 por pessoa, com todas as refeições incluídas.
A ilha
A ilha de Drawaqa é dos cenários mais espetaculares das Yasawas. O litoral super recortado faz com que o resort esteja cercado de três praias diferentes e perfeitas. De manhã, o ventinho chama para a praia do sol nascente. À tarde, o povo migra para o lado oposto para ver o pôr do sol. A areia é levemente dourada e o mar é azul-esverdeado. O snorkel bem na frente da praia nascente é simplesmente sensacional. Dá pra ver até alguns pequenos tubarões e, na época certa (junho a setembro), arraias-jamantas majestosas nadam no canal que separa Drawaqa da ilha vizinha – observar esses animais de perto é uma experiência de vida. A ilha ainda tem um bom centro de mergulho com cilindro, caiaques para alugar e atividades simpáticas como aprender a abrir coco com as mãos, aulas de cozinha tradicional, caminhadas, corrida de caranguejo (juro!)…
O astral
A ilha é o suprassumo do climão mochileiro, com muita gente bem jovem de N nacionalidades diferentes. Havia alguns casais, mas predominavam as turminhas de solteiros. Mesmo assim, não era uma ilha da balada. Rolava uma certa azaração mas, como quase tudo por ali, o ritmo era beeem slow motion. Já disse que falar que o staff era uma doçura é pura redundância em Fiji. Mas era… e como era.
A choupana
O esquema é Robson Crusoe. De 0 a 10, o seu nível de frescura precisa ser no máximo 3 para que você consiga se alojar aqui (e nas demais acomodações classificadas com um coquinho nas Yasawas). Eu consigo chegar a esse nível de desprendimento quando a choupana em questão é pé na areia, numa praia maravilhosa. E este é exatamente o caso. Paredes de palha, chão de cimento, janelas toscas de madeira (sem tela), ventilador antigão e uma cama decente com lençol limpo. E é só. Até havia mosquiteiro, mas ele era muito menor do que a cama. Então preferimos transformá-lo numa rede de contenção para cocôs de lagartixa, que caíam do teto com certa frequência. Ainda assim… Se não fosse o fim da minha viagem eu já não estivesse tão falida, certamente teria ficado numa das simpáticas tendas de lona com terracinho e banheiro (que atendem pelo nome exageradíssimo de “luxury suites”) – uma espécie de glamping para mochileiros. Nesse caso o preço subia para US$ 115 por pessoa.
O banheiro
Cada grupo de acomodação tinha sua própria “casinha”. Como eram poucas choupanas, nossas três privadas e três chuveiros davam conta do fluxo. Mas ir até ali resolver as pendências diárias não eram os melhores momentos do dia, devo dizer. O gerador só funcionava à noite e, durante o dia, os cubículos ficavam bem escuros (e cheios de pernilongos). Para sobreviver a esse banheiro, o nível de frescura tinha que baixar para o 2.
A comida
A comida foi tipo…. montanha-russa. Teve seus momentos altos e outros bem baixos. Os altos: o churrasco tradicional fijiano (lovo) e um bufê de almoço com várias saladas gostosas. Nas demais refeições, a comida era repetitiva, sem gosto e não muito farta. Tive que devorar alguns amendoins e bolachas no meio da tarde, confesso. Havia hora para as refeições, como num acampamento de escola – e quem chegava atrasado corria o risco de ficar na roubada. Isso tinha um lado bom: a interação entre as pessoas, que era ainda mais estimulada pela conexão à internet super restrita (caríssima). Fiz bons amigos por lá e me diverti um bocado. Mesmo comendo mal e tendo meus momentos de agonia no banho no escuro.
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