Três restaurantes clássicos (e incríveis) em Paris
Nada de nouvelle cousine, nada de fricô-fricô. Na minha última temporada em Paris, na agradabilíssima companhia dos meus sogros Sônia e Ivan (grandes entusiastas do savoir vivre), os lugares escolhidos para manger como deus manda foram grandes clássicos parisienses onde se come muito bem e fartamente.
Este bistrô fica às margens do Sena, pertinho da Notre Dame e do Hôtel de Ville. Mas ainda assim tem uma certa pinta de lugarzinho secreto. Com chão quadriculado e paredes enfeitadas com panelas de cobre, o Trumilou está do mesmo jeitinho singelo desde que abriu as suas portas, há mais de um século. O preço é excelente: há dois tipos de menus, um com entrada, prato principal e sobremesa por € 20,50, e outro com entrada e prato principal, ou prato principal e sobremesa, por € 16,50. A cozinha é francesa clássica.
Eu apostei no potage du jour, uma deliciosa sopa de verduras (€ 7) que, ao chegar à mesa, revelou-se suficiente para quatro pessoas. Como prato principal, pedi o Entrecote maître d’hôtel (€ 15), que veio em fatias fininhas e enooormes, no ponto perfeito e saboroso. Não consegui chegar à sobremesa. De quebra, o serviço era simpatissíssimo. Recomendo de coração.
Aberta em 1864, autoproclama-se a brasserie mais antiga de Paris. Verdade ou não, o que não se discute é que se trata da campeã em estilo e elegância. A cúpula de vidro colorida que adorna o salão é um escândalo; os garçons vestem colete e gravata borboleta; os sofás são de couro e o público (em sua grande maioria parisienses) vai vestido para matar na hora do jantar. Na noite de sábado em que estive lá, achei o serviço lentíssimo até para a França (onde tudo acontece num ritmo mais pausado do que em São Paulo, por exemplo). Mas definitivamente não se pode julgar um restaurante por um sábado à noite com todas as mesas lotadas e fila de espera. E quer saber? A demora é um bom pretexto para que você passe mais tempo ali.
As estrelas da casa são os pratos da Alsácia (uma região na fronteira com a Alemanha e a Suíça onde a culinária é mais germânica do que francesa, com chucrute incluído no pacote) e também os frutos do mar, que chegam à mesa em colossais esculturas de gelo de vários andares – não sei se foi viagem minha, mas detectei uma certa competição no ar entre os frequentadores, para ver quem pedia o maior e mais incrementado. Mas a cozinha clássica francesa também está presente, tanto que comecei de foie gras caseiro e segui com o maior steak tartar de toda a minha vida (do alto do meu apetite viking, não consegui terminar). Meu sogro Ivan conferiu a veia alsaciana do lugar e teve que encarar a maior porção de chucrute da qual se teve notícia. O preço foi razoável para o nível e a fama do lugar: uns € 45 por pessoa, com vinho.
Dizem que Jacques Chirac bate ponto ali. A nata da boemia parisiense também: o lugar ficar aberto 24 horas, todo santo dia. Um verdadeiro mito na capital francesa, em Les Halles, essa brasserie gaba-se por vender 85 mil pés de porco (pieds de Cochon) por ano. Não fui valente o suficiente para provar a maior especialidade da casa, mas atesto que as coadjuvantes são divinas. A sopa de cebola gratinada vem com uma camada de queijo apoteótica. Mas quem se deu bem mesmo foi o Cássio, meu namorado, que foi de “pluma de porco de pata negra”. Pluma é algo parecido com o “papo” do porco. Mas, acredite, trata-se de um manjar dos deuses. O preço não é abusivo para Paris. Entrada e prato saem de € 23 a € 54 por pessoa.
siga @drisetti no Twitter
Leia também:
Apartamentos bons e baratos em Paris: testei e aprovei