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Tailândia de norte a sul: a beleza roubada de Ko Phi Phi

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h13 - Publicado em 17 mar 2008, 15h03

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As ilhas de Phi Phi sao lindas de dar medo. Mas definitivamente já viveram dias melhores, antes de serem massacradas por dois inimigos ferozes: o Tsunami de 26 de dezembro de 2006 e Leonardo di Caprio.

As ondas gigantes que botaram abaixo parte do sudeste asiático após um terremoto arrasa-quarteirão na Sumatra foram particularmente indóceis com as Phi Phi, especialmente com a ilha “civilizada”, onde estão todos os hotéis, restaurantes e etc. O grande tchans de Phi Phi são as suas duas baias extremamente fechadas, uma de costas para a outra, formando uma espécie de borboleta (olhando a foto fica mais facil de entender). Mas foi  justamente este detalhe geográfico que fez com que a onda monstruosa “abracasse” a ilha, entrando pelas duas baías ao mesmo tempo e espremendo a vilazinha localizada entre as duas praias. Pior impossível.

Mil pessoas morreram, outras muitas ficaram feridas e praticamente tudo foi devastado, com excessão dos resorts maiores (aqueles que, cá entre nós, bem que poderiam ter desaparecido), cujas estruturas eram mais potentes. Todos os moradores de Phi Phi são sobreviventes e têm histórias tristes para contar. A família dona da chouopana de bambu que chamei de minha durante uma semana (Nice Beach Bangalows), por exemplo, perdeu todos os quinze bangalôs com ar condicionado que tinha. E tiveram que começar do zero com um filho recém nascido e outro bebê de colo. A irmã da dona morreu.

Hoje em dia, porém, a ilha sacodiu a poeira e o turismo já está bombando a todo vapor. Ainda há escombros e lugares em obra aqui e ali. Mas a vida já voltou à normalidade. A grande diferença do cenário atual para o anterior e a drástica redução no número de coqueiros, cujos cotocos de troncos arrancados estão por todos os lados. Antes do tsunami, eles cobriam as constrções do vilarejo fazendo que, mesmo super ocupada, a ilha ainda tivesse um ar de paraíso perdido. Em teoria, após a desgraça o governo local fez um esforço para que a urbanização fosse mais organizada que a anterior. Caso o plano tenha funcionado, não gosto nem de imaginar como eram as coisas antes.

E aí entra o Leonardo de Caprio. Você já viu o filme A Praia (do ano 2000), do diretor Danny Boyle, onde o galã com cara de urso de pelúcia encontra um paraíso onde uma comunidade vive em segredo? Pois a tal da Praia se chama Maya Bay e fica em Phi Phi Ley, a ilha tombada como parque nacional que fica ao lado de Phi Phi Don (a habitada). Assim como eu jurei não morrer sem conhecer o lugar depois de ver o filme, milhões de pessoas fizeram o mesmo. O resultado e uma micro ilha lotada de gente, com preços exorbitantes para os padrões tailandeses. Tudo em Phi Phi custa o dobro. Ainda e barato para nós, brasileiros, mas depois de mochilar dois meses, pagar 20 euros por uma choupana de bambu (o preço de um super hotel em Ko Pha Ngan) coabitada por diversas espécies do reino animal, doeu. Além de gradualmente mais pobre, também estou ficando mal acostumada.

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