Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Sul da Itália: a experiência de se hospedar em um trullo na Puglia

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h14 - Publicado em 18 set 2015, 20h30
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O trullo é o grande signo de identidade da Puglia. No Valle d’Itria, um oceano de oliveiras no coração do salto da bota que forma o mapa da Itália, a casinha de teto cônico é onipresente. A origem desse tipo de construção é tão antiga que ninguém sabe ao certo de quanto data, mas indícios apontam para a pré-história. Usados como armazéns rurais e moradia, os trulli (plural em italiano) são erguidos com a pedra calcária típica da região. Antigamente, eram construídos sem cimento: apenas paciência e habilidade de encaixar pecinhas (uma espécie de Lego primitivo, digamos). Segundo consta, os habitantes da região também eram capazes de desfazer a casinha em poucos minutos, removendo algumas pedras estratégicas, para que ela parecesse um monte de entulho aos olhos dos inimigos e dos proprietários de terra em busca de cobrar impostos sobre moradia. Espertinhos.

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O bem bom à sombra das oliveiras e nosso trullo ao fundo

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Oliveira do meu jardim

Alberobello, o grande cartão postal do Valle d’Itria, é a única cidade feita de trulli. O mais comum é vê-los esparsamente pulverizados pela zona rural em meio a campos de oliveiras e vinhedos – eis uma das grandes delícias de passear de carro pela região, aliás. Alguns estão caindo aos pedaços. Outros servem como depósitos. Outros são habitados, restaurados (com cimento!) e podem ser alugados. Há vários deles em oferta no AirBnb ou através de empresas como a Trulli Lovely. Além de fofíssimos, eles são um tipo de hospedagem bem acessível.

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Encontrei o meu trullino Sant’Anna no AirBnb. Ele fica a cinco minutos do centro da lindíssima Cisternino, num enorme terreno pontilhado de oliveiras e árvores frutíferas – comi até romã colhida do pé, uma verdadeira experiência exótica para uma paulistana urbaníssima.

 

Muitos modelos mais modernos são trulli agregados a construções novas. Já o meu trullino, era minúsculo e superautêntico. Tinha apenas uma salinha que fazia as vezes de quarto, uma pequena cozinha e um banheiro. Tudo reformado com muito capricho e estilo. Um verdadeiro trullino boutique low cost. Nem o meu simpaticíssimo anfitrião Giuseppe sabe dizer de que ano data. Ele foi encontrado em ruínas e veio de “brinde” com o enorme terreno comprado pelo tio.

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Com paredes super espessas, o trullo é uma espécie de caixinha térmica. No verão ele é mais agradável que o exterior. No inverno, é mais quentinho. Isso, no entanto, não quer dizer que seja fresco… Depois de uma noite escaldante, implorei por um ventilador e fui prontamente atendida. Daí pra frente tudo ficou mais suave. Se você for alugar um trullo pra chamar de seu, cheque como é o sistema de ventilação e prepare-se para viajar no tempo.

 

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