Sul da França de trem: dicas para montar o roteiro perfeito
Veja dicas para viajar de trem por Côte D' Azur e pelo sul da França e não passar perrengue com compra de passagens
Fiz uma matéria sobre o sul da França (Provence + Côte D’Azur + Bordeaux) que estampa uma das capas da Viagem e Turismo. Deixando a modéstia de lado, a matéria está linda e destrincha os melhores roteiros para fazer de trem num pedacinho da Europa que certamente está entre os melhores do lugares do mundo.
A reportagem é completíssima – 26 páginas, meu povo! – mas ainda tenho algumas dicas a acrescentar e algumas cabeçadas do making of a compartilhar com vocês. Comecemos pelo roteiro.
Para fazer a reportagem, passei 8 dias correndo freneticamente para testar os trajetos dentro de cada uma das regiões (Provence + Côte D’Azur + Bordeaux) e também entre elas. Minha viagem foi assim:
Barcelona > Aix-en-Provence de TGV, o trem-bala (4h18)
3 noites em Aix-en-Provence
Aix-en-Provence > Nice de trem regional até Marselha e depois TGV (um pouco mais de 3 horas, incluindo meia horinha de espera em Marselha)
2 noites em Nice
Nice > Bordeaux de trem Intercités, de média e longa distância (9 horas)
3 noites em Bordeaux
Bordeaux > Barcelona de trem Intercités até Narbonne e depois TGV até Barcelona (8 horas no total)
Se você for fazer esta viagem, aqui vão algumas dicas, retoques e observações sobre o meu roteiro:
Cinco dias é o tempo mínimo ideal para cada região
Fazer tudo isso em 8 dias foi um ato de bravura. Mas, veja bem: eu estava lá a trabalho e já conhecia a região. Não tente fazer o mesmo! Sul da França é curtição, é calma, é savoir vivre, é vinho. Nada disso combina com correria.
Aix-en-Provence não é a melhor base para passeios de bate e volta na Provence
Das três regiões que visitei, a Provence é a mais complicadinha para fazer sobre trilhos. Um exemplo? Aix-en-Provence é seguramente a cidade mais bonita aonde é possível chegar de trem, mas ela tem algumas pegadinhas logísticas. A estação do centro da cidade só conecta Aix com Marselha e outros destinos pouco atrativos.
A estação de TGV, por sua vez, fica a 18 quilômetros do centro. A melhor solução? Usar Avignon como base para os bate e volta (pra Arles e Nimes, por exemplo) e depois passar alguns dias curtindo só Aix.
Entre uma coisa e outra, você pode aproveitar para conhecer Marselha, que fica obrigatoriamente no caminho.
Bordeaux e Nice são mesmo as melhores bases para passeios de bate e volta em suas respectivas regiões
Ambas as cidades estão super bem conectadas com os seus arredores, além de serem incríveis e terem acomodações em todas as faixas de preço.
A Côte D’Azur é a mais rápida e fácil para fazer de trem
Cannes, Antibes, Nice e Mônaco estão entrelaçadas por viagens curtinhas e baratas de trem que passam, no máximo, de meia em meia hora.
É a região mais fácil e prática das três para quem viaja de trem. Se você tiver pouco tempo, saiba que é a região que rende mais em poucos dias.
Os ônibus da Lignes D’Azur são o complemento ideal
Baratíssimos e eficientes, os ônibus da Lignes D’Azur são o complemento quase perfeito para chegar às cidadezinhas da Côte D’Azur que não são cobertas pelas linhas de trem (como a lindinha Eze, por exemplo).
Eu digo quase perfeito porque eles são vítimas do seu próprio sucesso: circulam lotados de turistas. “Lotados” não é maneira de dizer.
Os trens na região de Bordeaux são caros
Levei um sustinho com o preço dos trens regionais de Bordeaux. A viagem de ida e volta de Bordeaux a Saint-Émilion custa € 18,50 – para um trecho que leva menos de meia hora!
Comprar com antecedência é questão de vida ou morte
Foi-se o tempo em que dava para improvisar em viagens pela Europa. Hoje em dia, de abril a outubro, os trens circulam lotados e quem deixa para última hora paga caro ou fica de fora.
Os trens regionais da França (que você usará para fazer os passeios de bate e volta) funcionam como metrô: você paga na hora e viaja em pé se for o caso. Já para os Intercités (longa distância) e TGV (trem-bala), comprar com antecedência é fundamental.
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