Show da Madonna em Valência: enquanto a rainha detona no palco, o público sofre com a desorganização total
Você acha que a foto acima foi feita depois do show? Ou de uma guerra? Tsc, tsc. Tirei a foto acima às 6 e meia da tarde, 3 horas e meia antes do show da Madonna, na última quinta-feira, começar. Não havia uma lata de lixo sequer no autódromo de Chester, um fim de mundo a 25 km de Valência, aqui na Espanha, onde alguém teve a idéia de jerico do milênio de enfiar um show para 60 mil pessoas.
E o que eu estava fazendo lá 3 horas e meia antes do show?
O-D-E-I-O espreme-espreme e jamais acamparia na porta de um evento. Mas é que os últimos ônibus especiais (por cuja passagem paguei a bagatela de 14 euros, ida e volta) que saíam do centro de Valência estavam marcados para as 6 da tarde. Sim, 4 horas antes do início do show. Por que? Boa pergunta. Pior ainda foi descobrir isso às 5 e 53, quando ainda estava com um quilo de paella no estômago deitada na cama do hotel pensando num Sonrisal.
Menos mal que o público era tão eclético e animado, que o tempo passou rápido. Se eu despencasse de pára-quedas e tentasse adivinhar quem ia se apresentar por ali, apenas olhando as pessoas ao meu redor, jamais conseguiria. Da Associação Mundial de Lésbicas sem Sutiã a dinossauros de calça de couro, passando por barrigudos peludos de peruca loira gritando no megafone (tipo o meu amigo aí da foto), tinha de tudo naquela fauna heterogênea, que mantinha o bom humor até nas filas do banheiro (químico e imundo), que demoravam em média 40 minutos. Obviamente, depois de algumas horas, o povo começou a fazer xixi por todos os lados: embaixo da arquibancada, no meio da pista, atrás do gerador, no estacionamento, ao lado do bar…
Uma vez no palco para cumprir o segundo compromisso espanhol de sua turnê Sticky & Sweet, o profissionalismo voltou a reinar. Como não podia deixar de ser, a rainha do pop trocou de figurinos N vezes, se roçou nos dançarinos, rastejou e até passou uma faixa inteira pulando corda, esfregando o seu preparo físico biônico (sua coxa está maior do que a do Roberto Carlos) na cara do público. Totalmente divina.
O mega show começou com “Candy Shop”, de seu disco mais recente, Hard Candy. Além da faixa de abertura, outras sete canções do álbum estariam entre as 20 do set list. Em telões que se moviam, dando um efeito 3D, seus “convidados virtuais” marcaram presença: Justin Timberlake, Pharrell Williams, Timbaland e Kanye West, todos colaboradores de Madonna em Hard Candy. Outra que “compareceu” nos telões foi Britney Spears, homenageada pela madrinha durante “Human Nature”.
Trânsito interminável…
Terminado o espetáculo, que durou duas horas, o pesadelo voltou a reinar. O trânsito ao redor do autódromo sofreu um colapso. As filas eram tão homéricas que as pessoas simplesmente desligavam o motor do carro e aproveitavam para tirar uma soneca. Para entrar no tal ônibus vip, as vitimas se estapeavam e se espremiam como sardinhas.
A galera se espreme e ri pra nao chorar…
O jeito foi comprar um sanduíche de chouriço (um clássico nos mega eventos espanhóis) numa das centenas de barraquinhas que apareceram do nada no meio do estacionamento (melhor e mais barato do que o do restaurante bizarro e chumbrega montado pela organização), sentar numa caixa de verduras velhas na frente do palco onde gogo dancers de quinta categoria se esforçavam para entreter os remanescentes e rir para não chorar. Lá pelas tantas, mais uma cena surreal: rastejando por baixo de uma grade, um punk tratou de empurrar para dentro do recinto um isopor gigantesco e tcharan: cerveja fria. Ok, era da marca Discover (que rima com Hangover), a pior do mundo. Mas combinava perfeitamente com o clima.
A placa do restaurante avisando que há serviço de garço: dá pra ser mais chumbrega???
Quatro horas após o fim do show, depois de amargar uma meia hora de fila sentada no chão do estacionamento, finalmente consegui pegar um maldito ônibus para Valência. A pergunta que não quer calar: Por que catzo não fizeram o show em Barcelona????
Veja o vídeo gravado pelo travesti (eles eram milhares!) sortudo que estava na primeira fila.