Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Será o fim das lojas de souvenir?

Restaurantes, lojas e até hotéis se viram como podem. Mas, a essas alturas, quem precisa de uma garrafa de sangria em forma de touro?

Por Adriana Setti
Atualizado em 28 jan 2021, 16h23 - Publicado em 28 jan 2021, 16h15
Lojinha de souvenir, vítima do coronavírus (Pixabay/Reprodução)
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Os restaurantes continuam, entre trancos e barrancos, atendendo os moradores da cidade. Alguns hotéis até se viram como podem, transformando quartos em escritórios pra quem não consegue trabalhar em casa. Bares estão servindo café da manhã (porque não podem abrir à noite) e academias vêm dando aulas em parques e praças, já que fazer exercício em espaços fechados está proibido atualmente. No abre e fecha ditado pela situação sanitária, muitos negócios ficaram pelo caminho, enquanto outros tantos requebram até o chão para continuar existindo. Mas, com o turismo internacional congelado há quase um ano, as lojinhas de souvenir já são uma espécie em extinção. Afinal de contas, um morador de Barcelona jamais comprará uma garrafa de sangria em forma de touro, assim como nenhum nova-iorquino cogitaria ter uma miniatura da Estátua da Liberdade no meio da sala.

Em setembro do ano passado, depois de um mês de agosto com pouquíssimos estrangeiros em Barcelona, a Associação de Estabelecimentos Turísticos, que reúne 200 lojas de lembrancinhas nos arredores da Sagrada Família, Park Güell e Ramblas, já calculava que uma em cada três não sobreviveria até o fim do verão. Atualmente, restam pouquíssimas vivas. O mesmo fenômeno está acontecendo em várias outras cidades onde o turismo tem peso na economia, como Nova York, segundo conta esta reportagem do New York Times.

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Plaça Reial, olho do furacão do Bairro Gótico, na semana passada (Cássio Leitão/Arquivo pessoal)
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Plaça del Rei, no coração do Bairro Gótico, às moscas (Cássio Leitão/Arquivo pessoal)
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Um deserto chamado Las Ramblas, em foto tirada na semana passada: grande parte do comércio da rua era formado por lojinhas de souvenir (Cassio Leitão/Arquivo pessoal)
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Para muitos, o fechamento das lojas de souvenires é uma boa notícia. Nas áreas mais turísticas da cidade, como o Bairro Gótico, o comércio local havia desaparecido e os poucos moradores que restavam tinham uma enorme dificuldade em conseguir comprar itens básicos, de comida a parafuso, perto de casa. Com a pausa no turismo, alguns desses lugares estão sendo transformados em lojas de ferragem, padarias, frutarias e outros negócios que atendem os habitantes de Barcelona. Na mesma pegada, alguns apartamentos de aluguel turístico estão voltando ao mercado.

Em uma escala maior e mais glamorosa, algo parecido está acontecendo no Passeig de Gràcia, a avenida mais chic da cidade. As lojas da Nespresso, da NBA e da Desigual foram algumas que fecharam nos últimos meses. Até abril, o grupo Inditex (dono da Zara), pretende acabar com 79 lojas em toda a Espanha, 14 delas em Barcelona. Grandes responsáveis por tornar todas as ruas comerciais do mundo cópias umas das outras, essas grandes redes geralmente ocupam espaços gigantescos em edifícios emblemáticos. Quem poderá ocupar esses espaços a curto prazo? Aguardando os próximos capítulos (e a minha vez na fila da vacina)…

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Arredores do Mercado do Born, um dos lugares geralmente mais movimentados do centro de Barcelona (Cássio Leitão/Arquivo pessoal)
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