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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Safári no Kruger Park: tudo o que você precisa saber antes de ir

Leão blasé Que diabos é um “game drive”? Vale a pena levar as crianças? Tem jeito de não gastar muito? Dá pra ver os Big Five? Quanto tempo? Como chega lá? Onde é melhor ficar hospedado? Há risco de malária? Vai viver o seu momento National Geographic pela primeira vez? Compartilho com você tudo o […]

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h38 - Publicado em 11 abr 2014, 19h42
Leoa me olhando no olho

Leão blasé

Que diabos é um “game drive”? Vale a pena levar as crianças? Tem jeito de não gastar muito? Dá pra ver os Big Five? Quanto tempo? Como chega lá? Onde é melhor ficar hospedado? Há risco de malária?

Vai viver o seu momento National Geographic pela primeira vez? Compartilho com você tudo o que eu gostaria de saber antes de ter ido ao Kruger National Park, o parque mais famoso da África do Sul:

Para começo de conversa, safári não é National Geographic

Num dado momento, você está apreciando a beleza esguia de um empala. No outro, o bichano está sendo devorado por leões, com as entranhas jorrando sangue ao vivo e a cores — explode coração. Logo depois, “cadê todo mundo?” E seguem-se longos minutos, às vezes horas, de tédio. Fazer safári é lidar o tempo todo com a sorte e a incerteza, bem como com a beleza e a crueldade da natureza em iguais proporções. Imagens de perseguições espetaculares como as que vemos nos canais dedicados à natureza são fruto de uma vida de paciência – e o mais provável é que você não veja nada parecido ao vivo. Também convém ter em mente que algumas imagens podem ferir a sua sensibilidade (ao longo dos meus oito dias de safári, confesso que tive momentos duros ao presenciar dois búfalos diferentes sendo devorados, um deles ainda vivo, e ao ver o estado de uma girafa recém ferida, provavelmente por um leopardo). Enfim, tudo uma questão de ajustar as expectativas…

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Cachorro selvagem (super difícil de ver!) em momento de ternura

Cachorro selvagem (super difícil de ver!) em momento de ternura

Que diabos é “game drive”?

Você vai ouvir essa expressão o tempo todo. Game, no inglês sul-africano (e também no jargão da caça), quer dizer animal. “Game drive”, portanto, é o passeio de 4X4 para observar a bicharada. Os game drives costumam durar de 3 a 5 horas e acontecem ao amanhecer (tipo 5 da matina) e no fim da tarde, quando os animais estão mais ativos.

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O que é “game reserve”?

Por analogia à pergunta anterior, uma “game reserve” é uma reserva natural privada onde também é possível fazer safári. Há incontáveis “game reserves” espalhadas pela África do Sul, muitas delas acopladas à área do Kruger Park (um colosso de 2 milhões de hectares). Falarei em detalhe sobre as reservas no próximo post.

Dá mesmo para ver os Big Five?

Nada está 100% garantido ao lidar com a natureza. Mas, se você passar 3 ou 4 dias fazendo safári no Kruger, é bem provável que veja os Cinco Grandes: leão, leopardo, rinoceronte, búfalo e hipopótamo (eu vi todos eles em menos de 24 horas, yeah!). O termo “Big Five”, aliás, vem da caça, e se refere aos animais mais perigosos para o caçador. Isso não significa, portanto, que esses bichos são os mais interessantes (e nem os maiores!). Guepardos, girafas, hienas e crococodilos dão de dez num búfalo, não?

Nem sempre os "Big Five" são os mais interessantes

Nem sempre os “Big Five” são os mais interessantes

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Rola gastar pouco?

Ir ao Kruger Park é, provavelmente, a maneira mais fácil e democrática de fazer safári em todo o mundo. Gastando pouquíssimo, você pode alojar-se num acampamento dentro do parque (ou numa pousada baratinha nos arredores, que são várias), e contratar um game drive econômico (entre US$ 20 e US$ 35 por 3 a 4 horas). Gastando menos ainda (a partir de US$ 20 por dia), dá pra alugar um carro e dirigir no parque por conta própria – o que é facílimo (clique aqui para ler um post recente do figura Seth Kugel sobre “self-drive” safári no Kruger). A taxa de entrada diária ao parque custa US$ 15, tanto para quem dirige o próprio carro como para quem está alojado num lodge.

Rola gastar muito?

Opa! Se rola! Há lodges de super dooper blaster luxo, tanto dentro dos domínios do Kruger como – especialmente – nas reservas privadas anexas ao parque. Nos próximos posts, falarei em detalhe sobre alguns deles.

Como chega lá?

O acesso ao Kruger é facílimo. São 5 horas de autopista ótima a partir do aeroporto de Joanesburgo. Também dá para voar para o aeroporto de Nelspruit (o “oficial” do parque) ou outros menores, como de Hoedspruit – tudo depende de onde você vai ficar alojado. Uma terceira opção é fretar um voo direto para o seu lodge de luxo preferido.

Quanto tempo devo ficar?

Eis outra questão importante. Dois ou três dias é o tempo mínimo que você tem que emprestar à natureza para que, pouco a pouco, ela dê o melhor de si  — e você vá embora para casa tendo ticado todos os bichos interessantes da sua lista. Já o tempo máximo, depende muito do seu entusiasmo pela coisa. Isso porque… (leia a questão abaixo).

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Como funcionam os lodges de safári?

… quase todos os lodges de safári funcionam no mesmo sistema. São pacotes fechados que, além de acomodação e hospedagem, incluem dois game drives por dia (um de manhã e um no fim da tarde) e, às vezes, também um safári a pé. Trata-se de um ritmo ultra intenso: acordar lá pelas 5 da manhã, passar cerca de 8 horas por dia num 4X4 e, entre um game drive e outro, encontrar forças para aproveitar os recursos incríveis dos lodges. Nos hotéis de luxo isso inclui piscina, academia, spa, biblioteca, além de 5 ou 6 refeições ao dia (!) banhadas por (muitos) vinhos magníficos. Fiquei 8 dias seguidos nesse esquema nababesco, que certamente foram alguns dos mais incríveis da minha vida. Mas, confesso, em alguns momentos eu estava simplesmente exausta. Tudo isso para dizer que é preciso dosar. Quatro dias de safári em dois lodges diferentes (para variar a área do Kruger), com um intervalo de dois dias entre um e outro (que você pode aproveitar para conhecer outras atrações da região) talvez seja uma boa pedida. Eu definitivamente fui com muita sede ao pote, o que é bem típico da minha pessoa.

Vale a pena levar as crianças?

Minha modesta opinião é: não. Alguns lodges aceitam crianças e têm atividades especiais para elas. Em geral, maiores de 6 anos também podem participar de game drives. Mas fazer safári requer algo que os pequenos não têm: paciência. Mais vale levar a criançada novinha no zoológico e pensar numa imersão na savana quando eles tiverem mais de 12 anos.

Há malária no Kruger?

Em teoria, sim (mais um motivo para não levar os pequenos). Toda a extensão do parque é considerada área endêmica. No entanto, no sul do parque, que concentra a maioria esmagadora dos lodges e também é a melhor para observar animais, o risco de ser infectado é baixíssimo. Tanto é que acabei desistindo de tomar o remédio preventivo e redobrei os cuidados com as picadas de mosquito.

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