O melhor veio no final. Já íamos em direção à saída do Addo Elephant National Park por uma estradinha de terra alternativa quando eles apareceram. Primeiro, alguns elefantes jovens saíram do mato fechado e ganharam a pista em frente ao nosso carrinho – um micro Toyota Athios alugado. Foi então que vimos um bebê solitário, remexendo nos arbustos. Nos aproximamos lentamente, mas mandamos mal. Assustado, dumbo botou a tromba pro alto e fuóóóóóóóóo. O “alarme” chamou a atenção do resto da manada e, a passos silenciosos, elefantes absurdamente gigantescos foram saindo do mato para ver o que estava rolando. Chegaram perto. Ficamos quietinhos, atentos aos possíveis sinais de agressividade (orelhas abertas, olhar fixo no “alvo”, tromba levantada). Mas os bichões desencanaram da nossa presença, concedendo vários minutos de contemplação da potência da natureza e da pequenez das nossas existências. Foi lindo.
Você verá elefantes em muitos parques nacionais da África do Sul. Mas dificilmente verá tantos deles juntos. São cerca de 500 bichões, numa área de 180 hectares de fácil acesso, a 60 quilômetros de Port Elisabeth, onde há um aeroporto. Fizemos o passeio como bate e volta de Jeffrey’s Bay, a praia que será o tema do próximo post. Mas também dá pra ficar hospedado no parque e nos arredores.
Uma vez lá, você pode embarcar num game drive (safari guiado) a bordo de um 4X4 do parque, ou dirigir o seu próprio carro. Para isso, basta retirar uma autorização na entrada do parque (US$ 15 por pessoa). Em reservas como o Kruger Park vale muito a pena estar com um guia para encontrar os animais. Já no Addo, bem mais compacto, você precisa ser muito pé frio para não ver um elefante, já que as manadas costumam se concentrar ao redor de um açude facílimo de encontrar. Os poucos leões, leopardos e outras espécies que vivem por ali são bem mais difíceis de ver – eu vi zebra e antílope, nada mais. Mas isso você deixa para o Kruger.
Dirigir entre elefantes é uma grande aventura, principalmente num carro pequeno. Isso porque o maior mamífero terrestre é, provavelmente, o que mais pode causar dano a um turista motorizado. Se você não acredita, veja este vídeo. A cena do “dia de fúria” que rodou o mundo não foi uma casualidade. Conversei com vários guias e todos eles disseram que foi uma questão de pura estupidez e/ou falta de informação. Em primeiro lugar, todo cuidado é pouco ao ver um macho gigantesco e solitário: os que vivem isolados da manada são naturalmente territorialistas e tendem a ser mais agressivos. Caso note que a sua presença não agradou, saia de fininho. O elefante do vídeo deixou MUITO claro que estava P da vida e deu tempo de sobra para o sujeito desviar e bater em retirada. Ao invés disso, o bobalhão continuou ali, pagando pra ver. Deu no que deu.
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