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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Que tal dar uma moradinha na sua cidade favorita?

Um breve relato de uma temporada na Cidade do Cabo

Por Adriana Setti
Atualizado em 9 Maio 2017, 12h25 - Publicado em 18 jan 2016, 05h43

Os leitores deste blog sabem que sempre fujo do inverno de Barcelona, onde vivo desde 2000, e faço uma viagem longa. Nos últimos anos, arrastei meu híbrido de mala com mochila por lugares incríveis neste mesmo período do ano: Indonésia, Tailândia, Costa Rica, Nicarágua, Tanzânia, África do Sul, Filipinas, México, Camboja, Laos, Vietnã, Austrália, Ilhas Fiji, Nova Zelândia, Chile… Muita gente questiona: “você não se cansa de viajar?”.

Não tenho uma resposta precisa para a famosa pergunta. Mas a intuição me leva a crer que, com o tempo, essas viagens intensas podem ser substituídas por mini-moradas. Talvez em lugares aleatórios, talvez numa cidade do coração a ser elegida depois desses anos rodando (manter a minha base em Barcelona, ou pelo menos à beira do Mediterrâneo, está fora de questionamento por enquanto).

Estou escrevendo este post na Cidade do Cabo (se você me segue no Instagram @drisetti, já está sabendo), pela qual me apaixonei perdidamente dois anos atrás. No total, estaremos por aqui 20 dias. E depois rodaremos por partes bem off the beaten track da África do Sul, além de Namíbia e Moçambique. Ou seja, para a viagem longa deste ano, optei por um mix de mini-morada com roda-roda.

Repetir a experiência de passar uma temporadinha numa cidade amada (fiz isso em Paris em 1997) era um sonho antigo, que eu certamente já poderia ter realizado se o impulso de explorar lugares novos não estivesse sempre a morder meus calcanhares. Estou adorando. Vinte dias pode parecer pouco tempo. Mas é suficiente para que você possa encarar um lugar sob uma perspectiva bem diferente da do turista convencional (que fica uns quatro ou cinco dias). É um tipo totalmente diferente de viagem, sob vários aspectos.

Passeio relax no jardim botânico de Kirstenbosch, um dos lugares mais bonitos do mundoPasseio relax no jardim botânico de Kirstenbosch, um dos lugares mais bonitos do mundo
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Como você já esteve nesse lugar antes, é bem provável que tenha se “livrado” das obrigações turísticas. A ideia, portanto, é que se dedique ao que realmente gosta, sem sentir culpa (ah… a culpa). Tenho frequentado minha praia preferida, degustado muito vinho, circulado por alguns mercadinhos e eventos e dirigido por estradas bonitas. O que pode ser melhor do que isso?

Como tenho mais tempo, também estou fazendo um pouco de “vida normal”. Trabalho um tiquinho pela manhã, vou ao supermercado, faço algumas refeições em casa….

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Como já conhecia relativamente bem a Cidade do Cabo, escolhi a dedo o lugar onde queria me hospedar. E… bingo! Estou apaixonada pela vidinha do Sea Point, a uma quadra do mar e pouquíssimos minutos de carro das melhores praias e dos melhores restaurantes da cidade.

Llandudno, uma das minhas praias favoritas, que tenho frequentado repetidamente e sem culpa de não estar fazendo Llandudno, uma das minhas praias favoritas, que tenho frequentado repetidamente e sem culpa de não estar fazendo “algo novo”

Como estou conhecendo melhor a Cidade, também estou descobrindo que não gosto de algumas coisas daqui. Eis a consequência inevitável.

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Como estou passando mais tempo por aqui, estou impressionadíssima com o poder que a natureza exerce sobre esta cidade. No extremo sul da África, praticamente entre dois oceanos, a Cidade do Cabo vive à mercê das louquíssimas rajadas de vento que medem forças no encontro do Atlântico com o Índico. Certos dias, o vento é tanto que, apesar do calor, é muito difícil ficar na praia, por causa das chicotadas de areia – o povo daqui está muito acostumado a viver no meio do quase furacão. Hoje o mar está liso como um lago. Dois dias atrás havia ondas de três metros. Ontem fez 37 graus. Há uma semana o termômetro não passava dos 25. É lindo de se ver (e um pouco assustador também).

O pôr do sol quase cafona de Clifton, com direito a um saxofonista -- pode?O pôr do sol quase cafona de Clifton, com direito a um saxofonista — pode?

E por que estou contando tudo isso? Para dizer que acho que você deve se permitir esse tipo de “viagem de um lugar só”, sem medo de achar que está deixando de conhecer coisas novas. Você pode até deixar de ticar mais um lugar da listinha de países nos quais já pisou, mas será uma experiência completamente inédita. Além do mais, esse tipo de empreitada acaba sendo menos estressante do que uma viagem normal e certamente mais econômica — uma vez que você não gastará tanto com deslocamento, fará algumas refeições em casa etc. Que tal dar uma mini-moradinha na sua cidade favorita nas próximas férias?

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