Se você for a Playa del Carmen em busca de agito, estará no lugar certo na hora certa e encontrará o caminho da perdição sem nenhuma dificuldade, especialmente na alta temporada. Mas se a ideia for exatamente a oposta – relaxar em um lugar tranquilo – você corre o risco de entrar em uma senhora roubada se não escolher a dedo onde hospedar-se.
Por exemplo: três dos hotéis de design mais bacanas da cidade (Mosquito Blue, La Reina Roja e Deseo) são feitos sob medida para quem não quer e não pretende dormir. Os três promovem festas de arromba em seus domínios (abertas ao público), liberam o entra e sai de “penetras” também a seus quartos (reza a lenda que as festinhas privês são animadíssimas) e, para completar, estão no olho do furacão da balada, cercados por bares e discotecas que competem em números de decibéis.
É óbvio que grande parte dos hóspedes está ali pra isso mesmo. Mas as críticas no Trip Advisor deixam claro que o número de desavisados é grande (algo como o caso dos meus pais, que foram a Fortaleza na época do Fortal sem saber, e se hospedaram num hotel na avenida por onde passam os trios elétricos).
O mesmo acontece com outras muitas pousadas, apartamentos de aluguel por temporada e hotéis localizados nas imediações do cruzamento da avenida 5 com as ruas 10 e 12. E também nos resorts pé na areia (caríssimos) que ficam perto dos beach clubs Mamitas e Blue Parrot.
Tive sorte. Não pensei em nada disso antes de reservar um lugar e, por mero acaso, fui parar nas Suites Andre-ha, na rua 40 com a avenida 10 (uma quadra da avenida 5, mas em um pedaço mais tranquilo e sofisticado conhecido como “la nueva quinta”). Do mesmo dono do hotel Barrio Latino (o simpático italiano Andrea, que mora da cobertura do pequeno edifício), as quatro suítes têm uma pequena cozinha, TV a cabo, internet wi-fi e camas enormes. As acomodações são rústicas, mas muito confortáveis. Na época do Réveillon paguei US$ 100 por dia. Mas o preço normal chega a ser metade disso. Justíssimo.
A sorte com a escolha do lugar me levou a outros três achados. Na mesma rua 40 estão as duas melhores marisquerias da cidade. A El Pirata é frequentada exclusivamente por locais. Ali você escolhe os peixes e mariscos recém capturados e eles são servidos do jeito que preferir (na manteiga, frito, na chapa) a um preço inigualável em Playa. A eterna fila na porta é bem organizada e anda rápido. Vale muito a pena esperar (eles fecham a 6, portanto o ideal é ir direto da praia).
Outro achado da rua é a Manigua, uma versão mais sofisticada (gastronomicamente falando, porque o lugar é informalíssimo) e um pouco mais cara do que a El Pirata. Os frutos do mar também são fresquíssimos e as receitas são mais elaboradas. O camarão flambado na tequila é de matar. Como cortesia (o serviço é o melhor que tive no México até então) a casa ainda serve caldinho de camarão e salada orgânica de entrada. A silhueta do volumoso dono deixa claro que de comida ele entende.
O terceiro achado da calle 40 é o italiano Pumarolla, que serve uma das melhores pizzas da cidade e tem uma ótima carta de vinhos. Bem arejado e iluminado a luz de velas, é um bom lugar para jantar a dois. O restaurante fica pertinho da praia, num trecho bem tranquilo. E quem quiser ainda mais sossego na hora de esticar a canga, basta caminhar cinco minutos para a esquerda (de quem olha para o mar) e Playa del Carmen será praticamente só sua, em plena alta temporada.
Siga @drisetti no Twitter.