Percevejo em hotel: finalmente aconteceu comigo
De albergue a hotéis cinco-estrelas, milhares de estabelecimentos onde você pode ter estado já passaram ou estão passando por isso
No final do ano passado, postei neuroticamente sobre um problema que considero bastante grave: a praga dos percevejos (bed bugs, em inglês), que afeta hotéis e afins do mundo inteiro (principalmente os Estados Unidos), independentemente das condições de higiene e de conforto. Se você procurar “bed bugs” no Google, verá que não estou só. Dos albergues do Caminho de Santiago ao Waldorf Astoria de Nova York, milhares de estabelecimentos onde você pode ter estado já passaram ou estão passando por isso.
A paranoia me afligia no fim do ano passado porque estava prestes a iniciar uma viagem de três meses, durante a qual passaria por pelo menos 20 hotéis diferentes e pegaria uma quantidade semelhante de voos (sim, os aviões também podem ser afetados). Ou seja, a probabilidade de topar com um percevejo era alta.
E não deu outra.
Comprovando a teoria de que percevejo não escolhe hotel pelo preço da diária, fui arrebatada por essa praga bíblica num dos lugares mais bacaninhas em que me hospedei durante a viagem, na ilha de Gili Trawangan, na Indonésia: Brother Bungalows, do centro de mergulho Gili Scuba. Os bangalôs eram novíssimos, assim como o colchão e a roupa de cama. O hotel ficava bem na frente da praia e tinha uma piscina gostosinha. Estava bem longe de ser uma espelunca. Por ironia do destino, um amigo com quem viajava ficou num lugar que apelidei de “pobrão” e não teve esse problema.
Outro sinal de como o bicho é perverso foi que demorei seis dias para me dar conta de que ele era o culpado pelas dezenas de picadas que meu marido e eu tomamos (afinal de contas, no Sudeste Asiático, quase tudo que se mexe pica). Isso porque o percevejo ataca sorrateiramente à noite e se esconde muito bem durante o dia. Peguei um deles no flagra por acaso e, escarafunchando na costura do lençol, encontrei o resto da família – todos bem gordos, felizes e provavelmente um pouco bêbados, já que aqueles dias nas Gili não foram fáceis… (segundo a ilustração acima, o percevejo que delatou a tchurma estava no último estágio, adulto, robusto e com a auto estima em alta).
Não eram muitos. Por isso, tomamos “apenas” umas 60 picadas entre os dois. Acredite, isso é pouco. Algumas pessoas levam centenas de picadas em uma só noite. Também tivemos sorte de nenhum dos dois serem alérgicos ao veneno do bicho, o que é muito comum. Coçava, claro, mas num nível controlável.
Alertamos os “brothers” do hotel imediatamente, que nos mudaram de quarto, encheram o lugar de veneno, deram cabo nas roupas de cama e alugaram para outras pessoas meia hora depois. E aí moram duas questões do problema: os novos hóspedes muito provavelmente tiveram o mesmo problema e todos nós poderíamos ter espalhado a praga aos quartos onde nos hospedamos na continuação da viagem (a começar pelo novo quarto do mesmo hotel). É assim que a coisa acontece. Pânico.
Outra vantagem competitiva que tínhamos em relação à praga é que sabíamos da gravidade da coisa e como lidar com ela (graças à minha paranoia pré viagem). Além do mais, tínhamos deixado a nossa mala principal em Bali e estávamos na ilha só com algumas mudas de roupa, o que facilitou muito a nossa vida. Tratamos nosso pertences como se eles tivessem acabado de passar por Chernobyl. Enfiamos tudo num saco plástico lacrado e o levamos para uma lavanderia com secadora automática (o calor é a forma mais eficiente de matar o bicho). Dessa forma, o problema foi resolvido – pelo menos para nós.
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