Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
Continua após publicidade

Parem de falar mal dos parisienses, s’il vous plaît

Há muitos mitos sobre Paris. Entre eles, o de que os parisienses são seres agressivos, mal-humorados e monoglotas. Discordo em gênero, número e grau

Por Adriana Setti
Atualizado em 12 dez 2018, 15h59 - Publicado em 8 set 2011, 16h29

Eu não amo nada, eu sou parisiense: pequena homenagem ao suposto mau-humor dos moradores de Paris

Há muitos mitos sobre Paris. Entre eles, o de que os parisienses são seres agressivos, mal-humorados e monoglotas. Por mais burras que sejam as generalizações, elas muitas vezes têm um fundo de verdade. Nesse caso, porém, acho esse clichê totalmente injusto e démodé.

Para mim, a questão é simples. Paris é como N outros lugares em que respeitar a cultura local é fundamental para ser respeitado. Você andaria semi nu num país árabe? Daria um amasso na sua namorada dentro da basílica de São Pedro, no Vaticano? Usaria uma camiseta do Real Madrid em Barcelona? Comeria com as mãos no Fasano? Cumprimentaria um japonês com dois beijinhos? Espero que não… Da mesma forma, em Paris basta usar um mínimo de educação e bom senso para colecionar gentilezas ao invés de bufadas. O segredo? Estudar um pouco os hábitos locais. Não é uma ciência complicada, qualquer guia bom sobre a cidade tem toques sobre etiqueta.

O que você deveria saber para evitar gafes e, consequentemente, patadas? Em primeiro lugar, que foi-se o tempo em que os parisienses que tratam com turistas (em cafés, estações de trem, hotéis, museus, restaurantes, etc)  não falavam inglês. Yes, they speakê. Mas isso não significa que achem legal que você chegue do nada falando inglês (ou português, ou hebraico, ou papiamento…) como se eles tivessem a obrigação de entender. Um holandês provavelmente não se importaria que você fizesse o mesmo. Mas um francês (e sobretudo um parisiense que está porrraqui de tanto turista), em geral, se importa. Fazer o quê? Ao invés de insistir em irritar o povo que vive na cidade mais bonita do mundo (e a compartilha com milhões e milhões de forasteiros todo santo dia), aprenda umas palavrinhas, faça uma voz fininha e depois de gastar todo o bonjour que estiver ao seu alcance, arrisque um humilde parlez vous l’anglais? com um belo sorriso no rosto. No final, não esqueça um merci e um au revoir . E pode apostar: sempre funciona. Você não fala inglês (nem nenhuma lingua além do português)? Claro que vai ser mais difícil — tanto em Paris como na China. Mas se você for educado, terá um interlocutor mais paciente na hora de brincar de mímica para se fazer entender.

Você já reparou em como são pequenas as mesinhas dos cafés parisienses? E já se deu conta de que há pouquíssimo espaço entre elas? Você acha que um lugar assim é adequado para ir em grupos ou com crianças agitadas? Não, não é. Se você está em grupo numa cidade feita para dois (ou no máximo quatro), prefira os locais mais vazios e espaçosos e, na hora de jantar, reserve sempre antes de ir. Se não, é cara feia e má vontade na certa.

Outro toque importante: antes de sentar-se em qualquer lugar, é essencial saludar o garçom e pedir uma mesa. Pulando essa etapa, você conquista a antipatia da única pessoa que pode ajuda-lo dali em diante. Uma vez acomodado, regule o botão de volume. Nós, brasileiros, falamos dez vezes mais alto que os franceses, o que pode incomodar quem está perto.

Entrou numa loja? Jamais se esqueça de sorrir e dizer bonjour. O mesmo vale para qualquer outro lugar onde houver um ser humano com o qual você eventualmente precisará estabelecer um contato. Na hora de ir embora, outra vez: merci e au revoir.

Boa parte dessas normas de educação obviamente  também se aplicam em qualquer outro lugar do mundo. A diferença é que os franceses são muito mais formais e apegados aos pequenos protocolos da vida do que o resto dos habitantes do planeta. Se você acha isso careta, pense por outro lado. Nessa espécie de cerimônia intrínseca ao dia a dia reside boa parte do charme francês. E de charme, u-la-lá, eles entendem como ninguém.

Continua após a publicidade

A blogueira Adriana Setti acaba de passar 5 dias em Paris testando as táticas acima – com seu francês trés macarronique – e não levou uma patada sequer.

Busque hospedagens em Paris

Siga @drisetti no Twitter

Publicidade