Para fazer antes de morrer: mergulho em Cozumel
Assumo o risco de estar sendo piegas. Mas não há analogia mais precisa: se algum dia você sonhou que estava voando, já pode fazer uma ideia do que se sente ao mergulhar em Cozumel. A água é tão cristalina que, certas vezes, é preciso recorrer às bolhas para situar-se no fundo do mar.
Alguns lugares muito famosos acabam decepcionando, tamanhas as expectativas que alimentamos. Mas Cozumel embaixo d’água (na superfície é outra história e renderá outro post) é tudo o que dizem. Ou mais.
Com exceção dos dias em que a ilha é acoitada pelo temido (e frio) vento norte — ou quando um furacão passa por ali, o que pode acontecer entre junho e novembro — a visibilidade pode ultrapassar os cinquenta metros (para quem não é do ramo, vale dizer que 20 metros já está de ótimo tamanho). A sensação de planar é elevada ao extremo quando a correnteza (fortíssima ao norte da ilha e moderada ao sul) se encarrega de dar uma forcinha, empurrando as “revoadas” de mergulhadores ao longo dos arrecifes.
Nesses momentos, não é preciso nadar, basta abrir os braços e ver passar, lá embaixo, uma cordilheira de corais multicoloridos, dispostos em uma variedade tão bem calculada de paisagens submarinas, que nem mesmo o mais exigente, ou excêntrico, dos mergulhadores terá do que reclamar. Jardins coralinos, cavernas, paredes, canyons, bancos de areia habitados por seres estranhos, pináculos…
Quase sete anos após a passagem do furacão Wilma, que causou grandes estragos em todo o Caribe mexicano, dentro e fora da água, os habitués de Cozumel asseguram que os 65 arrecifes que cercam a ilha (e toda a fauna que gira em torno deles), protegidos por um parque nacional marinho desde 1996, já recuperaram a forma. E que nem mesmo o explorador francês Jacques Cousteau, que “descobriu” esse éden subaquático em 1961, sentiria nostalgia, caso estivesse vivo e pudesse voltar a submergir na imensidão azul turquesa.