Qualquer um que se interesse minimamente pelo vinho tem uma vaga ideia do que acontece entre o momento que a uva é colhida no pé e o solene instante em que a bebida desliza pela sua garganta. Mas nada se compara a estar presente na vindima e ver o milagre começar a acontecer. Mesmo tendo visitado dezenas de vinícolas em diversos países, ver a uva sendo colhida no pé sob o olhar atento do próprio enólogo; acompanhar os cachos chegando à vinícola; observar a prensa em ação e sentir os primeiros aromas da fermentação foi uma experiência muito marcante e enriquecedora. Tenho mais respeito pelo vinho hoje do que tinha antes de presenciar a vindima na região do Piemonte, na Itália. Acho até que a bebida ganhou outro sabor, no sentido emocional da coisa.
Para acompanhar este momento tão especial é necessária uma mistura de sorte com planejamento. A uva atinge o seu ponto ideal de maturidade no começo do outono — final de setembro no Hemisfério Norte (aí entra o planejamento). Mas isso não tem data para acontecer (motivo pelo qual é preciso ter sorte). A partir do final do verão, os enólogos circulam entre os vinhedos diariamente, executam testes e provam as frutas, até estarem convencidos de que chegou a hora. O momento certo depende, sobretudo, de como foi o clima ao longo do ano. Entreguei a escolha da data certeira nas mãos da Patrícia Kozmann (a mesma que me levou para caçar trufas alguns posts atrás). Ela conhece profundamente os vinhos e os vinhedos do Piemonte e faz uma alta costura de roteiros de enoturismo pelo norte da Itália. Deu nisso: acompanhamos a vindima em três vinícolas boutique de duas regiões diferentes, Gavi e Monferrato, na companhia dos seus proprietários e enólogos. Um Privilégio, assim mesmo, com P maiúsculo.
As imagens abaixo dizem mais:
Vigneti Massa
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