Os Tranz Scenic cruzam lugares fantásticos da Nova Zelândia e, como o nome sugere, são totalmente adaptados para que os passageiros curtam a paisagem. Isto é, são equipados com janelões enormes e um vagão aberto totalmente panorâmico. A idéia é, em teoria, um arraso. E foi justamente por isso que fiz questão de viajar nos dois mais famosos, o Tranzcoastal e o Tranzalpine. Mas será que vale a pena?
1. Que trajetos fazem esses trens?
O Tranzcoastal liga Picton, no extremo norte da ilha sul, a Christchurch, passando por um longo trecho da costa do Pacífico, famoso por abrigar focas, golfinhos e baleias a dar com o pau. Por sua vez, o TranzAlpine cruza os Alpes da ilha sul, indo de uma costa a outra. A viagem começa em Greymouth, na costa oeste, e termina também em Christchurch. Já o Overlander, que tem fama de ser o menos interessante (e foi trem demais para que esta blogueira fosse conferir) vai de Wellington, a capital no extremo sul da Ilha Norte, a Auckland, a maior cidade do país, ao norte.
2. Eles são um meio de transporte eficiente?
Definitivamente não. O Tranzcoastal demora 5 horas e 20 para percorrer 340 km, e o Tranzalpine leva 4 horas e meia para vencer 223 km. É um passeio.
3. Ok. Mas vale a pena economicamente?
De jeito nenhum. Uma viagem no alpino custa 70 euros, enquanto o da costa cobra 54 pela passagem. Com a grana de um mero bilhete, dá para enfiar a família toda em um carro alugado nas econômicas Ace ou About New Zealand, ir parando e ainda pagar o picnic.
4. Sim, mas então pelo menos a paisagem deve ser muuuuito bonita. Não?
O alpino tem fama de ser “uma das viagens de trens mais bonitas do mundo”. E pode até ser mesmo. Desde que você viaje entre maio e outubro, quando os picos estão nevados. Durante essa época, os vales do rio Waimakariri, as pontes altíssimas e o gelo branquinho são de chorar de emoção. Para quem viaja no verão, como eu, o lugar não passa de um vale muito bonito com montanhas mais ou menos verdes. Resta passar a viagem pensando “tenho que voltar aqui no inverno”. Já o trem da costa, definitivamente não vale pela paisagem. Nos trechos em que toca o mar, as praias não são grande coisa. E quando penetra no interior, o visual é um sem fim de pastos e ovelhas. Lá pelas tantas, entre um bocejo e outro, minha sogra soltou a pérola da viagem: “Bah, mas isso aqui parece o Alegrete”, disse ela se referindo à monotonia do interior Gaúcho. Você atravessaria o planeta Terra para ir ao Alegrete?
5. Tá, mas os tais bichinhos? Focas… pingüins… baleias…
Um trem não é o veículo mais eficiente para ver uma baleia. Concorda? Melhor parar em Kaikoura, no meio da viagem, e pegar um barco. Porque é preciso ser muuuuuuito sortudo para avistar uma do trem. Eu, não sei se delirando ou não, acho que vi um golfinho. Mas 99% dos passageiros não tiveram a mesma sorte. As focas, sim, dão as caras. Mas com a velocidade, é aquela coisa. Olha a foca! Que foooooooca?