Achados

Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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O primeiro tufão a gente nunca esquece

Os cocos voavam pra todo lado, fazendo um barulho surdo ao bater no chão. Parecia um bombardeio

Por Adriana Setti
Atualizado em 2 out 2017, 15h16 - Publicado em 11 out 2013, 14h00
Ups! Mal tempo nas FilipinasUps! O tempo fechou nas Filipinas!

Blogueira também tem mãe. É por isso que, quando estou viajando, evito postar sobre as roubadas mais cabeludas. Uma vez de volta à segurança do meu escritório, me sinto à vontade para relatar as agruras que me acometem, sem tirar o sono de dona Márcia.

Falando nisso, você já topou com um tufão/furacão durante uma viagem?

Minha primeira vez foi uns anos atrás, bem no dia do Natal. A data, nas Filipinas, é celebrada com frenesi. Na ilha onde me encontrava, Bantayan, mesmo antes do grande dia os sinos da igreja tocavam incessantemente durante uma hora, às 3 DA MANHÃ, em ritmo de “noite feliz”. Por motivos que a razão desconhece, fazia parte dos rituais locais essa sessão corujão na paróquia, que nos obrigou a trocar de hotel três vezes por causa do barulho da madrugada. Pelas ruas, grupinhos de criancinhas corriam atrás de nós cantando “we wish you a merry Christmas, we wish you a merry Christmas” em troca de umas moedas (na primeira vez é bonitinho, na centésima você quer matar, acredite). Em outras palavras, nem só do amigo secreto da firma vive o inferno natalino.

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Na noite do Natal, quando a coisa prometia ferver ao ritmo de Gangnam Style (palcos estavam sendo construídos em cada esquina e a música era o hit super bonder do momento), a cidade silenciou. Saíamos para jantar e  “celebrar” a chegada do bom velhinho, mas não havia quase ninguém na rua. Achamos tudo muito estanho, mas imaginamos que talvez a festa rolasse só no próprio dia 25 durante o dia.

Ou seja, todo mundo sabia que havia um tufão a caminho, menos nós. Obviamente, o staff do “hotel” onde estávamos alojados poderia ter dado o toque. Mas isso não aconteceu. Pior: nosso “quarto” era um bangalô de madeira com telhado de palha.

Já estávamos dormindo quando a ventania começou. Chovia na vertical, na horizontal e na diagonal. A luz pifou. Mas o pior de tudo foi inusitado: o hotel tinha bangalôs espalhados por um enorme gramado forrado de coqueiros carregados. Os cocos voavam pra todo lado, fazendo um barulho surdo ao bater no chão. Parecia um bombardeio.

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No conforto da minha ignorância, achei que aquilo era só uma chuva forte. Fiquei meio “assim” mas, por via das dúvidas, coloquei os tampões de ouvido, virei pro lado e dormi. Só ao acordar nos demos conta de que metade do teto do nosso bangalô (por sorte não a do quarto onde estávamos, mas de uma espécie de salinha anexa) tinha virado do avesso. O tufão de nível 1 (meno male) também nos deixou “ilhados na ilha”. Nos dois dias seguintes nenhum barco circulou nas Filipinas, o que por pouco, muito pouco, não micou o meu Réveillon, programado para bem longe da maldita Bantayan.

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