Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Pequeno dicionário dos frutos do mar espanhóis

Uma lista do “best of” das marisquerias espanholas, para você não ficar lost in translation

Por Adriana Setti
Atualizado em 10 fev 2021, 22h47 - Publicado em 1 nov 2011, 18h10

Yemanjá que me desculpe, mas a almeja é a rainha do mar

Aprendi a comer bem de verdade na Espanha. De todas as portas gastronômicas abertas nesses 20 anos ibéricos, a mais complexa, rica e variada foi para o encantado mundo dos frutos do mar. Nisso os espanhóis dão de mil a zero em nós, para dizer o mínimo. Culpa de vários fatores climáticos e do nosso Atlântico, com seu fundo parecido a um “deserto” de areia, pobre em corais e outras formações que abrigam esses adoráveis bichinhos.

Intimidar-se diante de tantos animalitos estranhos nas marisquerias espanholas (principalmente na região da Galícia, um dos melhores lugares do mundo para comer frutos do mar) é normal. Mas vale a pena vencer o medo e cair de boca. Aqui, uma lista do “best of” das mesas marineras daqui, para você não ficar lost in translation.

Almeja (aquela da foto ali em cima):

Minha favorita, néctar dos néctares. Deusa do mar, com perdão de yemanjá. A concha é clarinha (entre o bege e o cinza) e arredondada. Por dentro, a carne é alva e firme. Geralmente se come a la plancha (na chapa) com azeite, salsinha (perejil) e alho. Não tem sabor forte de mar e é simpática ao paladar iniciante. Também fica excelente com molhos mais complexos (no País Basco se faz com um molho de alcachofras de matar de bom) e ao natural, apenas cozida ao vapor.

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Tallarina, a pequena notável

Tallarina:

A concha é clarinha, bem pequena, triangular e chata. Também tem um gosto relativamente suave, como o da almeja. Mas é bem menor e, por isso, menos suculenta. Tem as mesmas formas de cozinhar que a da almeja, a la plancha com alho e salsinha, ou dentro de algum molho mais espesso (fica ótima com molho de tomate para espaguete).

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Berberechos: gosto de mar pra levantar difunto

Berberecho:

Aqui já começamos a entrar no nível avançado. A concha é arredondada e áspera, mais escura que a da almeja, puxando para o marrom. Tem forte gosto de mar (delícia!) e dizem que cura ressaca (há quem jogue uns berberechos no fundo do blody mary para levantar defunto). Em geral, come-se “a la plancha” (com a boa e velha dupla alho e salsinha) ou ao vapor.

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Vieira, a nobre

Vieira:

Sabe aquela concha de Santiago de Compostela? É uma vieira, algo super típico da Galícia. Cara e rara, a vieira é pedida por unidade nos restaurantes e geralmente é servida com algum molho. Há quem coma ao natural (eu prefiro) e até crua. A carne é consistente e suave — ao meu paladar, tem mais sabor a peixe do que a marisco. Fácil de gostar.

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Zamburiñas: vieiras em miniatura, nhami!

Zamburiña:

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Difícil de encontrar fora da Galícia. Nada mais é que uma vieira pequena (e um pouco mais barata).

Percebes, os estranhos no ninho

Percebe

O esquisito entre os esquisitos, parece um dedo preto com uma unha de bruxa. Para comer (come-se simplesmente fervido) é preciso tirar a casquinha que tampa o “dedo” no lado oposto da unha e chupar o bicho para fora. Raro e caríssimo (um pouco menos caro na Galícia), é um dos produtos mais nobres da mesa espanhola. O sabor? Impossível de descrever. Nada de gosto de mar, um pouco adocicado e perfumado. É provar para crer.

Navajas: tira o pretinho e não tem erro

Navaja

O nome, que quer dizer navalha em espanhol, revela tudo sobre o jeitão desse outro ilustre esquisito. A concha parece uma lâmina. É minha segunda favorita, depois da almeja e se come exclusivamente a la plancha. O truque para comer é tirar a partezinha preta do bicho, que costuma ser bem arenosa, e mandar ver. Nham!

Bueno, e isso porque só estou falando de conchas. Por aqui ainda há cigalas, gambas, buey de mar, nécora, centolla, angula, bogavante…

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