Oviedo teve o seu momento de glória em Hollywood quando ELE, Javier Bardem, no papel mais absurdamente sexy de sua carreira, convidou a dupla de americanas protagonistas de Vicky Cristina Barcelona para uma viagem relâmpago até lá (CLIQUE AQUI para ver, ou rever, a memorável cena do filme de Woody Allen). O diretor nova-iorquino, que tem uma estátua em sua homenagem na cidade, não poupa adjetivos para levantar a bola de Oviedo, “deliciosa, exótica, bonita, limpa e tranquila”, segundo suas palavras. De fato, há algo de muito especial e encantador nessa cidadezinha de 216 mil habitantes, capital do principado de Astúrias.
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Principado? Que principado?
O longilíneo príncipe Felipe de Borbón nasceu e mora em Madri, junto com a plebeia que transformou em princesa em 2004. Mas segundo as tradições da coroa espanhola, o herdeiro do trono, filho de Don Juan Carlos e Doña Sofía, é o príncipe de Astúrias, uma comunidade autônoma (o equivalente espanhol para os nossos estados) que já foi um reino, encravada entre o Mar Cantábrico e a cordilheira Cantábrica.
Com belos parques, como o Campo de San Francisco, Oviedo mantém o seu frescor até mesmo no auge do verão, protegida por árvores centenárias e jardins impecáveis. Por seus bulevares afrancesados, enfeitados com esculturas, erguem-se monumentos imponentes como o Teatro Campoamor (que abriga a cerimônia de entrega do Prêmio Príncipe de Astúrias e a temporada de óperas) e a arrebatadora Catedral de San Salvador, de estilo predominantemente gótico.
Ao contrário de grande parte da Espanha, Astúrias não teve influência cultural dos muçulmanos (expulsos do território espanhol em 1492) e se orgulha disso. Um dos heróis locais, Don Pelayo, primeiro monarca do então reino de Astúrias, junto com seu exército, foi quem impediu a expansão da ocupação moura no norte, dando início à chamada Reconquista Católica.
Por isso, diferente do que se vê em cidades como Sevilha ou Madri, em Oviedo falam mais alto os traços celtas, povo que dominou esse território até a invasão romana, há cerca de dois mil anos, e algumas semelhanças culturais com as Ilhas Britânicas – inclusive a paixão pela gaita de fole que, assim como a sidra (bebida local idolatrada na cidade), não é pra qualquer um.
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