Achados

Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Museu do Amanhã e arredores: vítimas da decadência

Pavimento ruim, vendedores ambulantes, laguinho sujo e outras tristezas da joia da coroa da revitalização pré-olímpica

Por Adriana Setti
Atualizado em 9 fev 2020, 11h50 - Publicado em 31 jan 2020, 17h07

Sou fã incondicional do Rio de Janeiro. Do tipo que gosta da cidade com todos os seus defeitos e que sempre faz questão de olhar para o que ela ainda tem – e sempre terá – de maravilhosa. Mas nem sempre dá pra ser otimista.

Com bastante atraso, visitei o Museu do Amanhã na semana passada e fiquei muito desanimada com o que vi. No fundo, tinha esperança de que pelo menos a Praça Mauá e arredores, joias da coroa da revitalização pré-olímpica, estivessem sendo tratadas com mais carinho, e que problemas denunciados há tempos tivessem sido sanados. Só que não.

A parte mais sofrida da Praça Mauá e do Boulevard Olímpico é o pavimento. As pedras estão soltas, instáveis e, em boa parte, rachadas. Caminhando por lá, é preciso estar atento ao chão para não tropeçar ou dar uma bela topada – vi isso acontecer ao meu redor duas ou três vezes. Os jardins que cercam o museu estão mal cuidados e, para desespero de quem quer fotografar a arquitetura, há um cordão formado por carrinhos de milho, cachorro-quente e afins JUSTO na entrada, atrapalhando o caminho e a foto dos visitantes.

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O estado deplorável do pavimento do Boulevard Olímpico (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
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O museu ainda mantém certa dignidade, já o espelho d’água… (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
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O museu num dia triste e cinza, como sua perspectiva de futuro (e reparem na sujeira do chão logo ao lado do espelho d’água) (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Seguindo para o Píer Mauá, há uma série de food trucks. A ideia é boa. Mas um detalhe básico parece ter sido esquecido: um ponto de eletricidade decente. Daí, no maior jeitinho gambiarra, os vendedores se viram com geradores portáteis barulhentos e poluentes. Até fiquei com vontade de tomar uma cervejinha artesanal por ali, mas desisti por causa do ruído e do cheiro de diesel. Ai, que desânimo.

Ao menos na aparência, o museu ainda mantém uma certa dignidade, apesar da pintura que começa a dar ares de cansaço. Já o laguinho, está com o fundo encardido e cheio de algas. A julgar pelo histórico do arquiteto Santiago Calatrava (se você acha ele o máximo, clique no texto abaixo para saber mais), se continuar assim, pedaços da estrutura não tardarão em cair.

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Mas nem tudo está perdido (ainda). Verdadeira obra de arte do pedaço, o mural Etnias, do artista Eduardo Kobra, ainda causa o impacto de um soco no peito e está (quase), com suas cores vivas e praticamente imune à decadência generalizada.

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Mural Etnias, de Kobra: uma luz no fim do túnel (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

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