Museu do Amanhã e arredores: vítimas da decadência
Pavimento ruim, vendedores ambulantes, laguinho sujo e outras tristezas da joia da coroa da revitalização pré-olímpica
Sou fã incondicional do Rio de Janeiro. Do tipo que gosta da cidade com todos os seus defeitos e que sempre faz questão de olhar para o que ela ainda tem – e sempre terá – de maravilhosa. Mas nem sempre dá pra ser otimista.
Com bastante atraso, visitei o Museu do Amanhã na semana passada e fiquei muito desanimada com o que vi. No fundo, tinha esperança de que pelo menos a Praça Mauá e arredores, joias da coroa da revitalização pré-olímpica, estivessem sendo tratadas com mais carinho, e que problemas denunciados há tempos tivessem sido sanados. Só que não.
A parte mais sofrida da Praça Mauá e do Boulevard Olímpico é o pavimento. As pedras estão soltas, instáveis e, em boa parte, rachadas. Caminhando por lá, é preciso estar atento ao chão para não tropeçar ou dar uma bela topada – vi isso acontecer ao meu redor duas ou três vezes. Os jardins que cercam o museu estão mal cuidados e, para desespero de quem quer fotografar a arquitetura, há um cordão formado por carrinhos de milho, cachorro-quente e afins JUSTO na entrada, atrapalhando o caminho e a foto dos visitantes.
Seguindo para o Píer Mauá, há uma série de food trucks. A ideia é boa. Mas um detalhe básico parece ter sido esquecido: um ponto de eletricidade decente. Daí, no maior jeitinho gambiarra, os vendedores se viram com geradores portáteis barulhentos e poluentes. Até fiquei com vontade de tomar uma cervejinha artesanal por ali, mas desisti por causa do ruído e do cheiro de diesel. Ai, que desânimo.
Ao menos na aparência, o museu ainda mantém uma certa dignidade, apesar da pintura que começa a dar ares de cansaço. Já o laguinho, está com o fundo encardido e cheio de algas. A julgar pelo histórico do arquiteto Santiago Calatrava (se você acha ele o máximo, clique no texto abaixo para saber mais), se continuar assim, pedaços da estrutura não tardarão em cair.
Mas nem tudo está perdido (ainda). Verdadeira obra de arte do pedaço, o mural Etnias, do artista Eduardo Kobra, ainda causa o impacto de um soco no peito e está (quase), com suas cores vivas e praticamente imune à decadência generalizada.
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