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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Mulheres sozinhas no Marrocos, rola?

Saiba quais são os riscos de viajar sozinha para o Marrocos e leia dicas de como evitar problemas com assédio nas ruas do país

Por Adriana Setti
Atualizado em 23 Maio 2020, 15h00 - Publicado em 26 nov 2007, 09h11

 

Não, não rola. E não é por causa do lendário risco de ser trocada por não sei quantos camelos ou pelo perigo de alguma coisa terrível acontecer. Os crimes violentos contra turistas são raríssimos.

Porém, por mais que o Marrocos seja um dos países muçulmanos mais progressistas e que, por lá,  muitas mulheres já tenham trocado os véus pelas calças jeans há muito tempo, os homens ainda não aprenderam a respeitar as estrangeiras. É fato.

A minha fiel leitora Carmen deixou um comentário dizendo o seguinte (resumidamente):

“Estive duas vezes no Marrocos, mas não voltaria por nada desse mundo. Não há um espaço simbólico nas ruas em que nós mulheres possamos estar cômodas, relaxadas e com uma sensação de liberdade, e adoro passear pelas ruas me sentindo livre”.

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Querida Carmen, você está coberta de razão.

Duas semanas antes deste pulinho em Marrakech que conto nos posts anteriores, devidamente (bem) acompanhada, fui a Casablanca fazer uma reportagem para uma revista de economia (de vez em quando meu alter ego escreve coisas sérias). Trata-se de uma cidade relativamente cosmopolita com mais de três milhões de habitantes, onde metade das mulheres já não se cobre com véus, e onde conseguir uma cerveja não é uma via crucis como a que relato no post anterior. Em teoria, portanto, deveria ser o melhor lugar para um passeio solo feminino.

Depois de um intenso dia de trabalho, o fotógrafo com quem tinha viajado estava no bico do corvo e não teve forças para dar uma voltinha pela cidade. “Vou sozinha, relaxa”. Após ter passado várias horas visitando uma fábrica sob um calor de 30 graus, o meu aspecto era de dar pena: suja e descabelada, vestida com calça jeans e camisa largona. Mas o efeito foi quase o mesmo de estar de biquíni no meio da Gaviões da Fiel.

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Será que é obrigatório, por lei, mexer com uma estrangeira que ande sozinha? Todos os indivíduos que cruzaram comigo disseram alguma coisa. Dentro da medina, a coisa piorou, e um cara começou a me seguir. Com uma cara tão amigável como a de uma soldada da Gestapo, fiz um tour pela cidade praticamente correndo e parafraseando Greta Garbo a cada três minutos. “I wanna be alone!”.

Quando finalmente cheguei na belíssima mesquita Hassan II, um dos maiores monumentos religiosos do mundo, inaugurado em 1993 em homenagem ao rei Hassan II, dei o meu passeio por concluído. Enquanto ao meu lado três jovenzinhas marroquinas curtiam o pôr do sol tranquilamente, eu continuava a ser olhada como um alien esquecido pela nave mãe.

Dicas para amenizar o assédio:

– A mais óbvia: use roupas discretas. Se já triunfei como a Coca Cola vestida como um caminhoneiro, não gosto de pensar no que poderia ter acontecido ser estivesse com as roupas adequadas para o clima local, ou seja, blusinha e shorts.

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– Assuma uma postura altiva, tente não cruzar o olhar com nenhum ser do sexo masculino e não dê bola para os que grudarem.

– Se um chega pra lá for inevitável, tente fazê-lo da maneira mais educada possível. Como muitas vezes o cidadão pode realmente estar querendo ajudar uma pobre turista indefesa, um sai pra lá muito brusco pode soar extremamente ofensivo e piorar as coisas.

– Não seja ridícula de sair com um pano amarrado na cabeça, como vi algumas européias fazendo. Você chamará mais ainda a atenção.

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