1. Antes de mais nada: é um mergulho recomendável apenas para mergulhadores experientes (eu diria, no mínimo, uns 50 mergulhos) e que não estejam enferrujados. Para os veteranos que não soltam borbulhas há tempos, também recomendaria fazer alguns mergulhos mais fáceis nos arredores antes da empreitada.
2. A necessidade de certa experiência, na minha modestíssima opinião, não se deve ao fato do mergulho requerer alguma habilidade física específica ou técnica extra. As condições costumam ser boas: não há correnteza e a visibilidade é razoavelmente boa. O que pega é o fator psicológico. Tenha em mente que você estará em um lugar escuro, com um edifício de quarenta metros de água sobre a cabeça. As chances de alguém com pouca experiência entrar em pânico diante desse cenário é algo a ser levado em conta.
3. O maior risco nesse mergulho, além do fator psicológico, é a narcose por nitrogênio, que afeta certas pessoas (eu, inclusive) em mergulhos profundos, em menor ou maior grau. Por mais que todo mundo aprenda sobre isso no curso básico, aí entra novamente a experiência, para levar em conta os seus antecedentes, saber reconhecer os sintomas e como lidar com eles. Para quem não sabe, a narcose por nitrogênio faz com que se tenha um sensação parecida com a embriaguez (o raciocínio fica lento, e dependendo da intensidade da coisa, a pessoa pode reamente começar a fazer coisas estúpidas). Antes de pularmos do barco, o guia falou sobre isso e combinamos um sinal para o caso de alguém começar a sentir-se “estranho” — o que eu achei importantíssimo. No entanto, nem todos os guias fazem isso e você precisa saber se virar sozinho caso aconteça (basta subir alguns metros que o problema se resolve).
4. Com a exceção do Belize Diving Services, que só desce com os mergulhadores menos experientes até os 24 metros de profundidade, todos os outros centros de mergulho de Caye Caulker (clique aqui para ler o post sobre a ilha) levam qualquer um até os 40 metros, mesmo alunos recém saídos do curso básico. Ou seja, cabe a VOCÊ avaliar a sua habilidade como mergulhador e tomar uma decisão responsável.
5. Há quatro centros de mergulho em Caye Caulker e, infelizmente, nenhum é excelente. O mais bem recomendado em termos de equipamento, barcos e integridade é o Belize Diving Services. Mas eles cobram nada menos do que 40% a mais do que os já salgados US$ 190 cobrados pelos concorrentes e são absolutamente antipáticos, o que para mim foi o fator decisivo.
6. Mergulhei com o Frenchie’s e achei bem razoável. Os guias eram gentis e amáveis e o barco e o equipamento estavam em condições decentes. No dia em que fomos ao Blue Hole, éramos 10 mergulhadores para três guias, uma ótima proporção — ouvi falar que outros centros da ilha levam 10 com apenas um guia! E uma grande vantagem: são sempre os primeiros a sair de Caye Caulker (5 e meia da matina!) e sempre os primeiros a chegar no Blue Hole — saiba que na alta temporada, de dezembro a março, pode haver um número considerável de mergulhadores por lá.
7. A viagem de Caye Caulker até o Blue Hole pode ser uma pequena tortura se o mar estiver muito agitado (o que costuma acontecer nos dias de muito vento). Cheque as condições climáticas antes de ir e tome a sua decisão — enquanto houver clientes, os barcos saemtodos os dias, mesmo com o mar agitado. Peguei o mar com ondas moderadase, ainda assim, costas e traseiro sofreram umbocado no caminho.
8.Encarar essa viagem para mergulhar com snorkel é uma idiotice (no meu barco, havia três infelizes). Simplesmente não há nada o que ver na superfície, além de alguns peixinhos.
9. Os gigantescos tubarões que habitam o Blue Hole são tubarões de arrecife e não são agressivos.
10. Os outros dois mergulhos feitos em outros pontos do arrecife que abriga o Blue Hole são alucinantes: uma explosão de corais, peixes, arraias, tubarões de vários tipos.