Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Independência da Catalunha: como isso afeta a sua viagem?

Saiba o que está rolando em Barcelona e decida se vale a pena embarcar

Por Adriana Setti
Atualizado em 11 out 2017, 11h29 - Publicado em 6 out 2017, 13h14

A situação é o cúmulo do complexa. Mas tentarei resumir em poucas palavras para quem pegou o bonde andando. Com base no resultado de um plebiscito realizado no dia 1º de outubro, considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional, o governo da Comunidade Autônoma da Catalunha – algo parecido com um estado do Brasil, porém com mais autonomia – estaria em vias de proclamar a sua independência unilateral. Ou seja, uma ruptura não negociada e não reconhecida pela Espanha, país do qual faz parte atualmente (algo muito mais radical que o Brexit, por exemplo). Não se sabe quando – e se – isso realmente vai acontecer. Mas, diante da incerteza, muita gente com viagem marcada se pergunta: é roubada ir para a Catalunha atualmente?

Aos interessados, o vídeo abaixo conta de forma bem rapidinha e didática como a situação chegou a tal ponto:

https://www.youtube.com/watch?v=W2q_pfZ25-8

 

Assim como toda a população terrestre, também não sei o que vai acontecer nos próximos dias e meses. Mas, tendo Barcelona como foco (é onde moro, afinal de contas), aqui vai uma tentativa de esclarecer de forma objetiva e sincera algumas questões que afetam o turista, para tranquilizar (ou não) quem está de passagem comprada:

Devo ter medo de confrontos violentos nas ruas?

Não, não e não. As imagens da violência policial no dia do plebiscito rodaram e, com toda razão, chocaram o mundo. Mas “som gent de pau” (somos gente de paz). Com exceção dos confrontos que aconteceram neste dia fatídico em alguns pontos de votação – onde obviamente não havia turistas – todas as manifestações até agora, pró ou contra independência, têm sido pacíficas.

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Os serviços estão funcionando normalmente?

Uma greve geral convocada para repudiar os atos de violência parou a Catalunha no dia 3 de outubro. Nesse dia, o transporte público funcionou abaixo dos “serviços mínimos” das greves convencionais, a maioria das lojas e restaurantes não abriu e até a Sagrada Família fechou a porta aos turistas. Não é improvável que outras greves possam acontecer durante este período tão turbulento.

Como turista, vou encontrar alguma dificuldade para passear pela cidade?

Fora possíveis greves, as manifestações são os principais obstáculos para a circulação. E elas têm acontecido quase todos os dias, em maior ou menor proporção. Nesses casos, muitas ruas são cortadas e o acesso aos hotéis da região afetada fica complicado. Por precaução, evite hospedar-se nos lugares onde essas manifestações costumam acontecer: Passeig de Gràcia (se estendendo pelo cruzamento com a Avinguda Diagonal), Plaça Catalunya, Ramblas, Rambla de Catalunya, Plaça Sant Jaume (onde ficam a prefeitura e o governo da Catalunha) e imediações. E evite circular de táxi, ônibus ou carro nessas regiões caso alguma manifestação aconteça (prefira o metrô!).

A vida na cidade está rolando normalmente?

Relativamente, sim. As crianças continuam na escola, os bares seguem cheios, os turistas estão por todos os lados (ainda que os hoteleiros comecem a reclamar de reservas canceladas) e os chineses estão sempre arrastando dezenas de sacolas da Louis Vuitton pelo Passeig de Gràcia. No entanto, os mais atentos notarão que tanto a mídia como as pessoas estão absolutamente monotemáticas, bandeiras independentistas são onipresentes (assim como o “si” da campanha que antecedeu o plebiscito) e, todo dia às 22h, a bateção de panela acontece em maior ou menos grau dependendo da região da cidade.

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O que acontece se a independência da Catalunha for proclamada durante a minha viagem?

Esta é a pergunta mais difícil de responder. Mas o fato é que implicaria na saída imediata da União Europeia, do Espaço Schengen (de livre circulação de pessoas entre a maioria dos países membros da UE) e da zona euro. O que aconteceria na prática? É possível que, de imediato, o controle das fronteiras com a Europa seja retomado (o que significa ter que carimbar o passaporte ao ir de Barcelona para Paris, por exemplo). Já no caso do euro, muito provavelmente continuaria circulando por um tempo, até que a Catalunha inventasse a sua própria moeda. Também levaria certo tempo estabelecer controles por terra para cruzar para Aragão e a Comunidade Valenciana, as comunidades autônomas com que a Catalunha faz fronteira.

Devo evitar ir a Barcelona atualmente?

A única certeza no momento é que Barcelona e a Catalunha como um todo vivem um momento muito intenso, turbulento e especial. Para alguns, este pode ser algo muito interessante de presenciar (com jogo de cintura para contornar imprevistos). Para outros, a instabilidade é sinônimo de dor de cabeça. Cabe a você decidir em que perfil se encaixa.

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