Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Ilha Sainte-Marguerite: o segredo mais bem guardado da Côte D’Azur

Um lugar para não ver e nem ser visto em plena Riviera Francesa, e um raio-x da villa onde os milionários se refugiam

Por Adriana Setti
Atualizado em 10 jul 2023, 16h58 - Publicado em 7 jul 2023, 13h01
A Ilha ainte-Marguerite vista de cima, com Le Grand Jardin em primeiro plano: um lugar para não ver e não ser visto.
A Ilha Sainte-Marguerite vista de cima, com Le Grand Jardin em primeiro plano: um lugar para não ver e não ser visto (Le Grand Jardin/Divulgação)
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O visual da ilha, com Cannes ao fundo.
O visual da ilha, com Cannes ao fundo (Adriana Setti/Divulgação)

Quem transita pelo glamouroso Boulevard de La Croisette, em Cannes, pode nem suspeitar. Mas, a dez minutos de lancha da cidade que recebe o festival de cinema mais badalado do mundo, existe um lugar ao sol para quem não quer ver e nem ser visto. Com 152 hectares de bosques formados por pinheiros e eucaliptos mediterrâneos, e pequenas praias virgens banhadas pelo mar azul turquesa, a Ilha Sainte-Marguerite é o segredo mais bem guardado da hypada Côte D’Azur, no litoral do sul da França.

Para (bem) poucos

Até abril deste ano, turistas não podiam passar a noite na ilha. Mas isso mudou com a discretíssima inauguração de Le Grand Jardin, uma residência privada que pode ser alugada por quem estiver disposto a desembolsar € 150 mil por semana e mais € 60 mil pelo serviço – ou seja, mais de R$ 1 milhão.

Os jardins que justificam o nome do Le Gran Jardin, ao redor da torre medieval que abriga uma das suítes.
Os jardins que justificam o nome do Le Gran Jardin, ao redor da torre medieval que abriga uma das suítes (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Obras de arte estão espalhadas por toda a propriedade.
Obras de arte estão espalhadas por toda a propriedade (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Datada do século 13, a villa serviu a Louis XIV, passou pelas mãos dos Duques de Guisa no século XV e teria sido frequentada por Napoleão. Mais recentemente, pertenceu ao polêmico bilionário indiano Vijay Mallya – que ganhou notoriedade ao fundar a extinta equipe de Fórmula 1 Force India. Após anos de abandono, a propriedade foi adquirida pela Ultima Capital, empresa suíça do setor imobiliário de luxo, que restaurou seus jardins e construções tendo os desenhos originais como referência – segundo a imprensa francesa, o imóvel havia sido anunciado por € 45 milhões.

Íntimo e discreto

Uma porta de madeira insuspeita em meio a uma estradinha de terra dá acesso a um jardim botânico particular que justifica com folga o nome do lugar. E, logo na entrada do Le Grand Jardin, um enorme dinossauro prateado esculpido pelo artista francês Grégory Bonnard reforça a sensação de estar adentrando uma espécie de universo paralelo.

Sob medida para receber famílias grandes ou grupos de amigos, a villa tem 12 quartos, repartidos em sete edifícios pulverizados por um terreno de 1,4 hectares. Além da Casa do Governador, a construção principal, que também abriga uma suntuosa sala de jantar, há uma “casa de hóspedes” com amplas suítes e três chalés espalhados pelo jardim. A crème de la crème, no entanto, é a torre medieval que guarda a suíte mais peculiar no andar superior, com vista para o Mediterrâneo. No térreo, há um pequeno casino, que funciona se o cliente desejar.

Mesa posta na sala de jantar principal, na
Mesa posta na sala de jantar principal, na “Casa do Governador” (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
O cassino pode entrar em ação se o hóspede desejar.
O cassino pode entrar em ação se o hóspede desejar (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Uma das suítes do Le Grand Jardin.
Uma das suítes do Le Grand Jardin (Le Grand Jardin/Divulgação)

Ao lado da gigantesca piscina, com vista para o mar ao longe, há um belo terraço para refeições ao ar livre e um anexo, parcialmente instalado no lugar que já foi uma grande adega. Ali funciona o spa, que conta com um vasto menu de massagens e tratamentos. Sala de fitness e saunas completam a área de lazer.

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Nos espaços internos, a arquitetura de linhas limpas abriga ambientes majoritariamente brancos com superfícies revestidas de materiais nobres, do couro ao mármore. No meu chalé, a cama king size sobre o piso de teka estava posicionada diante de um móvel de onde uma grande TV emergia ao toque de um botão. Na sua ausência, dava pra observar as fontes do jardim através da parede de vidro, e até o esnobe pavão que o habita. O banheiro é uma atração à parte, com piso aquecido e equipado com a Ferrari dos vasos sanitários, da marca suíça Geberit, comandado por controle remoto e sensores de movimento – avaliado em € 1500 no mercado europeu.

Detalhe do jardim, habitado por um esnobe pavão.
Detalhe do jardim, habitado por um esnobe pavão (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
O mar ao longe: vista da piscina.
O mar ao longe: vista da piscina (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Jardim botânico em miniatura.
Jardim botânico em miniatura (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Do outro lado do muro

Quem decide o que acontece entre as vastas paredes do Le Grand Jardin é o próprio hóspede. Do menu às atividades – aula de yoga, passeio de barco, tratamentos no spa –, tudo é customizado. Atender a pedidos, inusitados ou não, é a especialidade do staff formado por 24 pessoas. Caso prefira, o locatário pode levar sua própria equipe (o que costuma acontecer quando a ilha é reservada pela realeza do Oriente Médio).

Além de uma lancha, também há uma frota de vans Mercedes Benz disponível. São os únicos carros autorizados a circular pela ilha, além dos veículos de manutenção pública. Precisar, nem precisava: é só abrir a misteriosa porta dos fundos para sair da propriedade e dar de cara com o Mediterrâneo, a poucos metros do ponto de acesso à diminuta praia, diante da qual se encontra o “primeiro ecomuseu submarino do Mediterrâneo”.

O eco-museu submarino, a poucos metros do Le Grand Jardin.
O ecomuseu submarino, a poucos metros do Le Grand Jardin (Le Grand Jardin/Divulgação)
Entrada do Fort Royal.
Entrada do Fort Royal (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
A fortaleza onde
A fortaleza onde “o homem da máscara de ferro” foi aprisionado (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
No interior do forte ainda vive uma pequena comunidade.
No interior do forte ainda vive uma pequena comunidade (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
O patrimônio histórico da ilha já valeria a travessia de ferry.
O patrimônio histórico da ilha já valeria a travessia de ferry (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Basta ter máscara, snorkel e um pouco de fôlego para observar as estátuas do artista britânico Jason deCaires Taylor, instaladas em 2021 na costa da ilha de Sainte-Marguerite. Concebidas com um material ecológico de PH neutro, as seis grandes faces representam o Homem da Máscara de Ferro que, aliás, ficou preso por onze anos no Fort Royal, principal atração histórica da ilha, onde ainda vive uma pequena comunidade. Erguida em 1617 à mando do Duque de Guisa, a fortaleza abriga um museu e as antigas celas da prisão que deu origem a muitas lendas, a começar pela do Homem da Máscara de Ferro.

Mediterrâneo em estado puro

Além de ter um belo patrimônio histórico, a Ilha de Sainte-Marguerite também é um pequeno santuário de paz e sossego em plena Riviera Francesa. Caminhos sombreados pelo bosque mediterrâneo permitem dar a volta na ilha em cerca de duas horas, andando pausadamente. Pelo caminho, dá pra parar nas pequenas praias, mergulhar e contemplar, com pouquíssima gente ao redor. Nas imediações do forte, o beach club La Guérite, onde gente com roupas de linho esvoaçantes dança em cima do sofá, é a única lembrança que, afinal de contas, estamos da Côte D’Azur.

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Caminhando pelo bosque.
Caminhando pelo bosque (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
A cor do mar sem filtro na ilha.
A cor do mar sem filtro na ilha (Adriana Setti/Arquivo pessoal)
Praia a poucos minutos de caminhada do Le Gran Jardin.
Praia a poucos minutos de caminhada do Le Gran Jardin (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Você também pode

Não é preciso ficar hospedado no Le Grand Jardin para visitar a ilha. Basta pegar um ferry da Riviera Lines em Cannes, que custa € 17,50 ida e volta. Também vale visitar a ilha vizinha, de Saint-Honorat, onde fica a Abadia de Léris (com este ferry), e almoçar no delicioso restaurante La Tonelle, com o pé na areia.

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