Longe de mim querer traçar um perfil psicológico de um país tão diversificado e complexo (são mais de 7 mil ilhas, diversos dialetos, milhares de nuances). Mas depois de perambular por aqui por quase um mês, já tenho uma listinha de particularidades filipinas que são um tanto curiosas. Ei-las:
A bitoca atômica
Essa é a minha particularidade filipina de estimação. Imagine uma bitoca daquelas ultra potentes, cujas ondas sonoras atravessam centenas de metros e estalam no ouvido do receptor (no Brasil elas costumam ser usadas para enviar uma dose de chamego indesejado do décimo andar da obra à orelha da mocinha que está passando na calçada, ou para estimular o equino a puxar a carroça). Aqui, a bitoca superssônica é usada para chamar as pessoas, incluindo o garçom no restaurante. Ou seja, é o equivalente do “psiu” ou do “ôôu” brasileiros, com todos os seus prós e contras. Segundo uma pesquisa de fundo de quintal realizada por mim mesma, os garçons filipinos apreciam tanto a bitoca quanto os brasileiros gostam do “psiu”. Mas, ainda de acordo com a pesquisa tabajara, que o negócio funciona, funciona.
Gogó de ouro
Não é novidade que a praga das máquinas de karaokê e videokê (cujo inventor certamente arderá nas chamas do inferno) são uma febre em grande parte da Ásia. Mas a vida dos filipinos simplesmente não tem sentido sem elas. “No karaokê, no fun” (“sem karaokê não há diversão”), costumam dizer. No entanto, a eventual ausência de uma máquina da felicidade não lhes impede de cantar. O filipino sente-se à vontade para soltar o Julio Iglesias que há dentro de si em qualquer lugar, em qualquer hora do dia. Violões surgem do nada na praia, no barco, no restaurante. E até mesmo sem instrumento, sempre há alguém disposto a “animar o ambiente”, seja dentro de um diminuto táxi triciclo (que merecerá um post exclusivo), numa fila no banco ou numa festa.
Senhores e madames
Se você é turista e tem mais de 7 anos de idade, então você é uma madame (“mam”) ou um senhor (“sir”) desde o ponto de vista de um filipino, não importando se ele (a) tiver o triplo da sua idade ou se merecer dez vezes mais a reverência do que você, mochileiro suado e de pé sujo. E não adianta dizer a famosa frase do tiozão “o senhor está no céu”. Um minuto depois, ele já terá esquecido o assunto e você voltará ao status de “Sir”.