Nada como 15 anos de ausência dolorida para que você atravesse o oceano almejando São Paulo como destino de férias. Estou longe de ser uma autoridade em Gothan City. Mas, do alto de quem teve o luxo do tempo livre para aproveitar a cidade no último mês, humildemente indico os dez programas mais legais da (minha) temporada na cidade mais divertida do mundo:
1. Rinconcito Peruano (Rua Aurora, 451): O ceviche é uma delícia e as parijuelas de frutos do mar são épicas (farei um post só sobre o restaurante) – tudo por um preço camarada. Mas o melhor de tudo é penetrar nas entranhas do centrão e deparar-se com um gueto peruano (rodeado de outro africano) numa cidade que está se tornando cada vez mais cosmopolita.
2. O jeito rústico de ser do Cão Véio: O garçom fala grosso, tem cara de mau, usa alargador de orelhas e é coberto de tatuagens – assim como grande parte dos clientes e o próprio dono do bar, o chef Henrique Fogaça. Como faz bem um lugar original no meio de tanto “same same but diferente” do eixo Pinheiros-Vila Madalena, não? Amei o nome do hambúrguer, que devorei sem dó: Bruto. E choquei com o preço das cervejas importadas (as nacionais estavam “em falta”). Da próxima vez eu peço Fanta, mas amei o programa mesmo assim.
3. Exposição do Kubrick no MIS: Sem querer ser esnobe, morando na Europa eu raramente me animo a ir em museus em SP. Mas essa exposição realmente vale a pena (como todo mundo já sabe). O luxo foi poder ir no meio da tarde e pegar a sala que reproduz o hotel de Iluminado absolutamente vazia — meda. Fazendo dobradinha com o almoço no delicioso Chez Mis (demoradinho e, portanto, ideal para gente de férias) o programa fica perfeito.
4. Almoço no restaurante do MAM: É muito privilégio comer bem em pleno parque do Ibirapuera. E também é engraçado observar o povo “sou intelectual” que frequenta o lugar. A comida é boa, o preço é tragável e a digestão pode ser feita entre as salas do museu. Lindo.
5. Cerveja com vinil no Sensorial Discos: Posso chamar isso de achado? É novíssimo e fica meio escondidinho na balbúrdia da rua Augusta (lado Jardins). Um olhar menos atento que o da minha primona Andréa não detectaria a pequena entrada na paisagem. Bem bolado de loja e bar, o Sensorial vende discos de vinil bem escolhidos e tem uma lista enorme de cervejas para degustar.
6. Clima de praia no Peixaria Bar e Venda: O óscar de lugar mais honesto da temporada vai para este bar. Não estou falando da Peixaria de Moema, e sim do bar da Vila Madalena onde a bebida vem numa caixa de isopor, os garçons são o cúmulo da simpatia e o clima é de bar de praia. Menção honrosa para o polvo na brasa, de chorar.
7. Balde de cerveja na calçada na boa e velha Mercearia: Da lama (do chão) ao caos (generalizado) este boteco é o clássico-mor dos pés sujos (especialmente se você é jornalista ou outro profissional “sou pobre mas sou feliz” e já passou dos 30).
8. Festa Talco Bells: Talco no salão, música ótima e gente feliz no lugar mais legal de SP para uma festa, o Cine Joia. Eu sinceramente não preciso mais de nada.
9. Buraco quente no Botequim do Hugo: Olha como eu sou versátil. Frequento a Vila Madalena, a Rua Aurora e o Itaim. Mas, vá lá, este boteco é uma licença poética no bairro-almofadinha, com seu microscópico semblante encardido e receitas tão singelas quanto o “buraco quente” (pão francês com carne moída socada no miolo).
10. Happy Hour no Riviera: Atala, não seria mais legal que o Riviera fosse um bar “normal”, sem cartão de consumação e hostess na porta? Acho que combinaria muito mais com a proposta de revitalização de um clássico da cidade. Também achei exageradamente caro (ou é redundante dizer isso sobre qualquer lugar de São Paulo?). Críticas à parte, come-se bem, bebe-se bem, ouve-se boa música e coisa e tal.
Siga @drisetti no Twitter