A diferença mais elementar entre esses dois tipos de viagem todo mundo sabe. Mas as particularidades dos cruzeiros fluviais e marítimos vão bem a além da questão rio X mar. Em abril, emendei um cruzeiro pelo Danúbio em outro pelo Mediterrâneo com poucos dias de intervalo. Isso me permitiu formar ideias bem claras sobre essas duas formas tão distintas de navegar. Aqui vão minhas conclusões, que podem ser úteis para você decidir em qual embarcar:
Dimensões
Para atracar em um píer de rio e passar por eclusas (entre muitas outras questões logísticas), os barcos utilizados para cruzeiros fluviais são muito menores do que os transatlânticos. Enquanto há navios de cruzeiro marítimo com capacidade para mais de 6 mil pessoas, os de água doce raramente levam mais de 150 passageiros. E se espaço costuma sobrar dentro dos mastodontes dos mares, nos fluviais cada metro quadrado conta. Isso se reflete nas dimensões das cabines, na altura do teto e no tamanho de instalações como, por exemplo, a academia e o spa (que podem ser compactos, minúsculos ou inexistentes).
Logística
O que falta em porte sobra em agilidade aos barcos de rio, já que eles podem encostar em piers pequenos e atingir destinos muito mais intimistas, de vilarejos na Amazônia a cidadezinhas medievais na Europa. No cruzeiro que fiz pelo Danúbio, por exemplo, o magnífico SS Maria Theresa ancorou em pleno centro de Budapeste e de cara para o gol em micro povoados da Áustria. Minutos depois do atraque, já era possível desembarcar sem nenhuma burocracia e era preciso estar no barco somente 15 minutos antes da partida. Isso permite que você dê uma volta na cidade, volte para almoçar ou tomar um café, saia de novo… Ainda que não seja raro parar em duas ou mais cidades no mesmo dia, a sensação é a de que a viagem flui em um ritmo suave.
Já os marítimos, precisam de portos grandes para jogar a âncora – e eles nem sempre ficam super próximos das atrações da cidade em questão. Fora isso, os processos de embarque/desembarque são verdadeiras operações de guerra, que exigem seguir uma ordem determinada e certo planejamento prévio. Em geral, é obrigatório estar a bordo pelo menos meia hora antes da partida (às vezes, é preciso chegar uma ou duas horas antes, dependendo do porto). Esse esquema não permite tanta liberdade de ir e vir.
Atmosfera
A diferença de tamanho também influi na atmosfera dentro do barco. Com bem menos gente a bordo, os cruzeiros fluviais tendem a ser mais intimistas. Depois de poucos dias, o staff já sabe o nome de grande parte dos passageiros (e vice-versa), que também acabam se enturmando entre si. No final da viagem, todas os rostos a bordo parecem familiares.
Nos grandes cruzeiros marítimos, por outro lado, a sensação é a de ser mais um na multidão. Para quem preza a privacidade e não está afim de interação, é mais fácil manter esse isolamento voluntário dentro de um navio grande, por incrível que pareça.
Atrações
Os cruzeiros fluviais costumam ter restaurante, bar e uma área ao ar livre para observar a paisagem. Os mais incrementados ainda podem ter piscina, spa, biblioteca e um ou outro recurso a mais.
Ainda que haja uma enorme variedade de tipos e tamanhos de cruzeiros marítimos, a tendência atual é que eles sejam grandes resorts flutuantes. Além da combinação convencional entre piscinas, spa, academia, cassino, teatro e casas noturnas, alguns têm atrações dignas de parque temáticos, como patinação no gelo, simuladores high-tech e complexos esportivos de última geração. Não é exagero dizer que um navio de cruzeiro moderno é um destino em si.
Perfil
Mesmo que crianças e adolescentes sejam bem-vindos a bordo, cruzeiro fluvial é um programa de adulto – e extremamente romântico, por sinal. Isso porque os barcos não costumam ter atrações especiais para elas, que podem ficar entediadas e sofrer com a limitação de espaço.
Já os marítimos (até mesmo os mais sóbrios) costumam ter clube infantil, comidinhas especiais, piscina com tobogãs (separa dos adultos), sala de videogames, discoteca juvenil, monitores incansáveis, cinema, simuladores, etc. Ou seja, o céu é o limite em termos de atrações infantis em alto-mar, especialmente em companhias que focam no público familiar, como a Disney Cruise Line, a Royal Caribbean, a Carnival, entre outras.
Paisagem
Em um cruzeiro fluvial, tudo conspira para que você olhe para fora. Em um marítimo, a tendência é voltar-se para dentro. Navegando por um rio, a paisagem muda constantemente e é uma delícia contemplá-la tranquilamente do terraço ou pela janela (e até deitadinho na sua cama, se a cabine tiver uma boa vista!).
Já no marítimo, água é o que se vê na maior parte do tempo. Também é lindo, claro. Mas as atrações do interior do navio roubam a cena, a ponto de você esquecer que está navegando em certos momentos. Teatro, cinema, simuladores, piscina, academia, bares com música ao vivo, cassino: as opções são tantas que chega a ser difícil conciliá-las com o que você vai encontrar nas paradas.
Gastronomia
Ainda que seja arriscado generalizar, uma coisa é certa: cozinhar com carinho para uma centena de pessoas é mais viável do que fazê-lo para milhares. Por isso, comparando cruzeiros de alto nível em rios e mares, os primeiros tentem a ter a gastronomia como um grande diferencial. Sempre lembrando que há exceções e que você também pode ter boas surpresas culinárias nos grandes transatlânticos.
Estabilidade
Nos fluviais, praticamente não se nota o movimento do barco, a não ser pela vibração do motor em alguns momentos de mais manobra. Já nos marítimos, tudo depende das condições climáticas e do porte do navio – quanto maior, menos balanço você vai sentir. Para quem tem sérios problemas de cinetose (o temido enjoo de movimento), o fluvial é uma aposta mais segura.
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