Confesso: para mim, ir ao Museu do Louvre é uma tortura
A fila para passar no controle de segurança, ao relento, é uma constante – se estiver chovendo, ou um sol de rachar, a diversão já começa ali mesmo. Superada essa primeira etapa, comprar as entradas costuma ser indolor. Há vários guichês espalhados pelo hall redondo sob a pirâmide, ainda que a malta tenha o costume de aglomerar-se naquele mais próximo às escadas rolantes. Depois vem o impasse: com um mapa na mão, o sujeito precisa decidir por onde começar.
Na segunda-feira da semana passada, eu estava longe de almejar a impossível tarefa de percorrer todo o acervo de 300 mil obras do maior museu do mundo. Queria apenas ver o que desse da ala de antiguidades egípcias, seguindo a regra número um de quem visita a principal atração de Paris: menos é mais.
Em primeiro lugar, o sistema de refrigeração do museu (se é que há um), jamais dá abasto. Passei calor – muito calor – todas as vezes em que estive lá (cinco vezes nos últimos 10 anos), inclusive no inverno. Em segundo lugar, mesmo que se escolha apenas uma ala para ver, sendo o mais minimalista possível, a disposição das salas faz com que o pobre turista siga uma trilha em forma de montanha russa. Tive que subir e descer umas 20 escadarias só para ver a “pequena” parte que tinha selecionado. Por fim, há o problema crônico: um número de pessoas muito superior ao agradável, todo santo dia, a hora que for, em qualquer estação do ano.
Ao cabo de duas horas, quando me encontrava totalmente esgotada e suada, escorada em um dos gloriosos banquinhos (mais disputados do que os palmos de chão diante da Mona Lisa) comecei a olhar ao redor e refletir sobre quem ali estava realmente disfrutando daquele momento e quem estava ali só para colocar um X na maior das obrigações turísticas da capital francesa.
É óbvio que eu acho todo o recheio do Louvre incrível. É claro que ver tudo aquilo ao vivo é uma experiência enriquecedora. Mas você já parou para pensar na proporção entre prazer e sofrimento inerente a cada visita? Para mim, sinceramente, pesa o lado negro da força.
Na próxima vez em que for a Paris, não vou ao Louvre. E não sentirei um pingo de culpa por isso.
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