Como curtir as Ramblas de Barcelona sem roubada e gastando pouco
Um boteco insólito, uma lanchonete boa e barata, centros de arte na faixa e outros achados
“Há muitos anos não passeava pelas Ramblas. Mas nos últimos dias é preciso fazê-lo. Senti uma mistura de sensações estranhas ao caminhar por lá: tristeza, empatia, impotência e – porque negar? – ódio. Mas, sobretudo, por uns momentos, tive a impressão de ser acometido por uma sensação que acreditava perdida. A mesma que tinha quando, de pequeno, andava para cima e para baixo com o meu pai, dando comida para os pombos e embarcando nas Golondrinas: que a Rambla ainda nos pertencia”.
Quem postou esse texto dias depois do atentado de 17 de agosto foi o meu amigo Oscar, catalão da gema, nascido e criado em Barcelona. Com um nó na garganta, o texto me fez voltar a olhar para as Ramblas com carinho.
Apesar de ser um dos principais cartões postais da cidade, o calçadão que divide o Bairro Gótico do Raval também tem tudo o que a capital catalã tem de pior: restaurantes de péssima qualidade (a preços exorbitantes), lojas de suvenires-lixo, prostitutas exploradas por máfias, batedores de carteira e mais uma lista enorme de pegadinhas. Em toda e qualquer discussão sobre os efeitos nocivos do turismo de massa, as Ramblas, onde pouquíssimos moradores resistem hoje em dia, é sempre o primeiro exemplo.
Mas quem visita a cidade sempre passa pelas Ramblas. E a verdade é que há coisas incríveis para fazer por lá. Basta saber onde ir.
Algumas atrações de peso ficam por lá: o Teatre Liceu, o mosaico concebido por Juan Miró e Mercado de la Boquería. Mas isso todo mundo sabe, certo? Na listinha abaixo estão sete agulhas em meio ao grande palheiro, com verdadeiros achados para curtir as Ramblas sem entrar em roubada:
Comer é uma das coisas mais arriscadas que você pode fazer nas Ramblas. Dá uma tristeza enorme ver a quantidade de gente devorando paella congelada com sangria vagabunda (e pagando uma fortuna por isso). Mas eis aqui um porto seguro infalível. Instalada em um edifício modernista do século 19, esta lanchonete funciona até a meia-noite e serve o melhor bocadillo de jamón segundo o New York Times (é um pouquinho de exagero, mas inegavelmente bom).
Sorveteria Rocambolesc
É a sorveteria de ninguém menos que Jordi Roca, o pâtissier do Celler de Can Roca, há muitos anos considerado o melhor restaurante da Espanha. Tem sorvetes em combinações ultra gulosas e picolés em formatos insólitos. Faz parte de um complexo anexo ao Teatro Liceu chamado opera Samfaina, com o qual você não deveria perder o seu tempo (e dinheiro) – clique aqui para ler sobre essa bizarrice.
É, provavelmente, a pâtisserie mais respeitada e famosa de Barcelona, pilotada por Christian Escribà, um dos mentores de Albert Adrià, entre outros grandes nomes. De quebra, a unidade das Ramblas ocupa um belíssimo edifício modernista. Imperdível!
É o lugar mais charmoso para tomar um café. Um clássicos dos clássicos, aberto desde 1929 e decorado em estilo art nouveau, com um toque de decadence avec elegance.
Este belíssimo “Centro da Imagem” recebe exposições de arte e fotografia, sempre com entrada gratuita. Fica em um grandioso edifício barroco do século 18. Sensacional.
Na parte baixa das Ramblas, quase chegando ao monumento de Cristóvão Colombo, este centro de arte recebe exposições alternativas e… na faixa.
Eis um lugar para quem gosta de confraternizar com figuras exóticas, bêbados errantes e outros personagens aleatórios que circulam pela zona baixa das Ramblas. É, provavelmente, o menor bar da cidade, e o único com licença para que os clientes bebam na rua – mesmo porquê não há outra alternativa, já que o lugar consistem em um balcão que dá para a calçada. Para tomar uns chupitos (shots) e, depois, engatar uma noitada nas profundezas do Raval.
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