Para quem acompanha o noticiário internacional não é novidade: a Espanha continua afundada até o pescoço em uma gravíssima crise econômica. Como medida desesperada (e de inteligência duvidosa) para aumentar a arrecadação, o governo espanhol incrementará, a partir do próximo dia 1, o Imposto sobre Valor Acrescentado, IVA, que pagamos sobre tudo o que consumimos no país, entre bens e serviços.
Calma! A Espanha não ficará mais cara a ponto de você ter que repensar a viagem. E, se compararmos os preços daqui com os do Brasil, restaurantes e compras ainda parecerão uma pechincha. De toda forma, vale entender o que muda para calcular o orçamento com maior precisão, certo?
Como funciona atualmente?
Atualmente, a Espanha tem três tipos de IVA:
IVA Superreduzido (4%): taxação mínima, aplicada a itens considerados essenciais, como cesta básica e livros.
IVA Reduzido (8%): taxação intermediária, aplicada a alguns alimentos (carnes, por exemplo), hotéis, transporte, restaurantes e atrações culturais, entre outros itens.
IVA Geral (18%): taxação máxima, aplicada a tudo que não se encaixa nas categorias anteriores, como álcool, cigarro, cosméticos, roupas, eletrônicos, etc.
Como será o aumento?
IVA Superrreduzido (4%): continua igual
IVA Reduzido: passa de 8% a 10%
IVA Geral: passa de 18% a 21%
Todos os produtos/serviços continuam cobrando o mesmo tipo de IVA (apesar do aumento)?
Não. E aí está o X da questão. Alguns produtos/serviços mudam de categoria e, portanto, mudam de TIPO de IVA, o que gera um aumento muito maior no preço final.
Como isso afetará os turistas?
Hotéis, passagens (de trem e avião) e restaurantes e ficarão um pouco mais caros com a subida do IVA de 8% para 10%. Cosméticos e eletrônicos, entre outros tipos de compras, também sofrerão um aumento, com o IVA passando de 18% a 21%. A boa notícia é que algumas grandes redes, como Mango e Zara, anunciaram que não repassarão este aumento para o consumidor. Ou seja, manterão o preço final.
A grande diferença se notará nas atrações culturais, que saltam da categoria IVA Reduzido (antes 8%) para IVA Geral (agora de 21%) – medida que tem gerado, com toda razão, protestos enérgicos. Ou seja, a partir de sábado, entradas de cinema e espetáculos (shows, concertos, ópera, dança, circo, teatro, festivais, jantares com música ao vivo, etc) estarão MUITO mais caras — mas, ainda assim, vale dizer que os preços não chegarão aos pés das fortunas cobradas no Brasil. Sendo a Espanha o grande centro europeu dos festivais (Primavera Sound, Sónar, Creamfields, Monegros, Benicassim, Grec, Jazzaldia, etc etc etc), a notícia vai pesar no bolso de muita gente.
Os museus PÚBLICOS (Prado e Reina Sofía entre eles) mantém o IVA reduzido (que agora será de 10%) no preço de suas entradas. Mas os privados (como o Guggenheim de Bilbao, por exemplo), terão de aplicar os novos 21%, ao invés dos 8% anteriores.
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