Você se lembra (ou melhor…. já tinha nascido na época?) da música “La isla bonita”, da Madonna? Assim como a cantora, naqueles estranhos anos 80, a tal da ilha bonita estava na flor da idade. Caso voltasse a Belize para rever sua musa caribenha, a material girl tomaria um choque: San Pedro, a ilha em questão, não envelheceu com a mesma dignidade (e a power yoga) da rainha do pop. Tomada por hotéis e restaurantes que avançam pela praia, San Pedro perdeu o seu mojo.
La isla bonita de Belize (um micro país ao sul do México e ao norte de Honduras), hoje em dia, fica a 20 minutos de barco de San Pedro.
Caye Caulker é um adorável lugarejo de ruas de areia enfeitado de coqueiros e banhado por águas escandalosamente cristalinas e cálidas. Ali, o único meio de transporte são os carrinhos de golf e os problemas da humanidade ainda não chegaram.
Chega a ser irônico, portanto, que o real motivo para que eu estivesse ali fosse um buraco profundo, escuro, frio e infestado de tubarões. Isso porque a ilha é a base mais estratégica para quem deseja encarar o desafio de mergulhar no mundialmente famoso Blue Hole (“buraco azul”). No centro do Lighthouse Reef, o buraco de 300 metros de diâmetro e 130 de profundidade forma uma circunferência de um azul intenso contornado por uma fina linha verde esmeralda. A imagem dessa maravilha cuja origem é incerta – cientistas especulam que pode ter sido formado quando o teto de uma enorme caverna ruiu, há muitos milhares de anos – é o maior cartão postal de Belize e também o sonho de todo mergulhador. Mas isso vai render um post à parte… me aguarde.
Fora da água, Caye Caulker é só alegria. A ilha não é exatamente um primor em termos de praia. Onde há areia, a água é rasa demais e o fundo do mar é forrado por algas. Mas quem precisa de praia quando se tem o Lazy Lizard? Na ponta norte da ilha, o bar fica justo no ponto onde um tremendo furacão partiu a ilha em duas, formando um canal de água cristalina onde o povo se refresca, para depois estirar-se ao sol justificando o nome do bar (que em inglês significa “lagarto preguiçoso”).
Quando bate a fome no meio do dia, apela-se para sweet man, um negrão de 200 quilos – figuraça – que é uma das personagens mais queridas da ilha: vende tortinhas, tamales (uma pasta de milho com frango cozido em folha de bananeira)… Já a noite, é hora de cair de cabeça na lagosta. A pesca do crustáceo é a segunda principal atividade econômica, depois do turismo – o que significa que um prato saradíssimo sai por uns US$ 12. À noite, a vida segue ao ritmo de reggae no I & I Reggae bar, o ritmo preferido da comunidade garifuna que alegra a ilha com seus longos dreadlocs.
Madonna, deixe Caye Caulker em paz.
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