O que leva uma pessoa que tem medo de altura (escadas banais incluídas) – no caso, a minha pessoa — a deslizar por um quilometro, a 150 metros de altura, presa apenas por um cabo? Não tenho uma resposta precisa. Mas suponho que devo à uma certa de ingenuidade (achei que a coisa era mais brincadeira de criança do que coisa de gente louca) uma das experiências mais insano-divertidas da minha passagem pela Costa Rica.
Canopy? Que diabos é isso, afinal? Explicando de maneira simplificada, é um cabo que une um lugar alto a outro mais baixo, pelo qual a vítima desliza em alta velocidade presa a um suporte de rapel engatado em uma roldana. Em outras palavras, uma espécie de tirolesa mais sofisticada e radical.
Na Costa Rica, o Canopy é febre. Em cada esquina há um. Mas a região do parque nacional de Monteverde, um dos mais belos e visitados do país, estão os melhores dos melhores: os cabos unem plataformas instaladas em bosques virgens, atravessam vales profundos e fazem você finalmente saber o que sente um pássaro ao sobrevoar uma floresta. É uma experiência única e divina apesar de aterrorizante para as pessoas normais (acima de tudo para balzacas pseudo destemidas).
Num ímpeto de valentia, optei pelo Monteverde Extremo Canopy, que tem os cabos mais longos (chegam a um quilômetros) e altíssímos (máximo de 140 metros).
Num trajeto que dura três horas, você vai de uma plataforma a outra deslizando pelas chamadas “zip lines”, faz um rapel de 30 metros, se joga de um cabo chamado “tarzan” (quase tão hardcore quanto um bungy jump) e, no gran finale, voa em posição de superman pelo cabo mais alto e longo de todos.
O meu “medômetro” começou bombando. Na primeira plataforma (à qual você sobre por uma escada de ferro inteira vazada”), estive perto do pânico. Nas seguintes, entrei numa espécie de transe catatônico. No momento de Tarzan, precisei ser sumariamente arremessada pelo não muito paciente funcionário. Depois de tudo, na hora de virar superman, pffffffff… a essas alturas eu já era o próprio.
Pensando melhor, isso deve ser um dos sintomas da minha síndrome de Peter Pan. Ele também voa.