A felicidade veste sarongue e camisa floral. E mais: a felicidade custa menos de US$ 100 por dia por pessoa, com três belíssimas refeições incluídas, de frente para a melhor praia das Ilhas Fiji. Diz a lenda que ali foram gravadas algumas das cenas do clássico do mela-mela A Lagoa Azul, com a então diva Brooke Shields (Google há de ajudar os leitores menos anciãos).
Nada bate o Blue Lagoon Beach em termos de relação custo/cambalhotas-de-alegria entre os 24 resorts que fazem parte da rota do catamarã da Awesome Adventures, o jeito mais fácil e em conta de mochilar pelo arquipélago. Isso porque, independentemente do tipo de acomodação escolhido (as opções vão de dormitório coletivo a villas dignas de lua de mel), você poderá contar com o mesmíssimo padrão em termos de alimentação, atividades e serviços. A coisa é nivelada por cima. Ou seja, quem fica no dormitório é tratado como hóspede de um bom hotel, e não o contrário.
O dormitório é o melhor que já vi. Nada de beliche. São apenas oito belas camas de madeira maciça espalhadas por cada quarto, com luz de cabeceira individual, quadros enfeitando as paredes e ar condicionado (algo raríssimo nos albergues das ilhas “mochileiras” Yasawas, que muitas vezes nem têm energia elétrica 24 horas). Além da roupa de cama e banho, os hóspedes ainda têm direito a uma toalha de praia, enorme e fofa. Essa maravilha toda custa inacreditáveis US$ 16 por dia, mais US$ 53 do pacote de alimentação. Ou seja, US$ 69 por dia.
Se a ideia é um romance – veja bem, você está na ilha da Lagoa Azul! –, vale a pena o upgrade para o Bula Lodge, o quarto onde me hospedei. Não tem ar condicionado, mas o ventilador dá conta, mesmo no auge do verão, Além do mais, as janelas são persianas espertas protegidas com tela, deixando entrar o vento. A cama é ótima, rola um terracinho, arranjo de flores frescas na cama, amenities de uma marca neozelandesa ótima e uma ultra simpática bolsa de praia de palha. O preço por pessoa é US$ 100 com as refeições incluídas.
Os quartos da ala Bula Lodge e os dois dormitórios compartilham o banheiro. Único ponto fraco: é misto. Alguém no mundo gosta de banheiro coletivo misto? Não. Mas esse tem cabines individuais para você tomar banho e se vestir, secador de cabelo e pia enfeitada com arranjos de flores. Daí a gente até releva. Ou não?
Para um upgrade, você pode optar por villas de seis tipos diferentes, com preços que começam em US$ 175 para o casal, mais US$ 53 do pacote de alimentação por pessoa. Ou seja, bastante mais em conta do que uma pousada do mesmo nível no Brasil…. nas Ilhas Fiji. “Mas a passagem não é uma fortuna?”. Sim, só que dá para parcelar em dez vezes.
A internet funcionava razoavelmente e estava incluída na diária (duas coisas bem raras nessa região de Fiji).
Estar numa ilha remota dependendo de apenas uma fonte de alimentos é algo que me aflige. Não por temer pela minha sobrevivência, mas porque ser feliz à mesa é uma parte muito importante das férias, ao meu ver. Ufa! A comida aqui é levada muito a sério. O café da manhã tinha um bufê e também pratos quentes preparados na hora – omelete simplesmente perfeito. O almoço era sempre a la carte, com opções variadíssimas: curry, peixe em receitas leves, hambúrguer, saladas… No jantar, algumas noites eram especiais: banquete de frutos do mar, churrasco fijiano (o lovo, assado com pedras quentes) etc. Irretocável.
A programação incluía atividades bem simpáticas focadas na cultura fijiana. Uma senhora que ensinava a fazer bolsas de palha, contação de histórias, aula de cozinha, apresentações de música. Para quem quisesse se mexer, também rolavam caminhadas e passeios. Pagando à parte, dava para fazer curso de mergulho, mergulhar, alugar snorkel, SUP etc. Mas eu optei mesmo foi pela “inatividade”. Da espreguiçadeira para o mar cristalino e perfeito, e daí para o meu maravilhoso livro, com algumas pausas para uma imersão antropológica no universo das noivas chinesas que rodam o mundo para serem fotografadas em cenários idílicos. Sim, isso também está incluído na diária do Blue Lagoon.
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