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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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48 horas perfeitas em Belém do Pará

Dois dias é pouco tempo, mas já servem para ter um gostinho da capital paraense

Por Adriana Setti
Atualizado em 12 jan 2024, 18h06 - Publicado em 13 jan 2016, 06h14

48 horas é pouco em Belém, mas é perfeito para você que tem milhas de sobra e quer fazer um programa diferente no fim de semana. Urra, meu! Não é tão longe como parece. São menos de quatro horas de voo a partir de São Paulo – quanto tempo você acha que vai demorar para chegar ao Litoral Norte no próximo feriadão de sol? O roteiro é uma quase uma obra de não-ficção. Foi praticamente isso que fiz na minha passagem inesquecível por Belém, com um pouco de edição. Veja só:

DIA 1

12h – O primeiro açaí com peixe a gente nunca esquece

Aterrissei em Belém lá pelo meio-dia. Peguei um táxi até a pousada, subi nas chinelas e corri para o mercado Ver-o-Peso. Na hora do almoço as barraquinhas de peixe com açaí fervem, e você já pode mergulhar de cabeça na atmosfera local – clique aqui para ler mais. Arrematei o açaí com peixe com… mais peixe: uma porção de filhote frito numa das barraquinhas mais próximas ao rio, regado com minha primeira Cerpinha gelada da viagem.

14h – Primeiro rolê no centro

Aproveitei a tarde para dar um primeiro rolê na Cidade Velha, passando pelo Forte do Presépio, dando uma entradinha na Catedral Metropolitana e tomando água de coco na praça lindinha que se abre para o Rio Guajará.

16h – Espera a chuva passar

Olha que coisa de gringa. Depois de 15 anos morando num país sequíssimo (a Espanha), eu sentei para assistir a chuva. A sentada, aliás, é uma recordação carinhosa que tenho da cidade. Entrei numa loja de fogos de artifício (!) para me proteger do aguaceiro. Então a dona Maria, mais fofa do universo, me trouxe uma cadeira. Ficamos ali conversando horas. Ela me mostrou fotos e fotos da família. Quando parou de chover, nos despedimos. Muito amô.

20h – O jantar que vale a viagem

Escolhi o espetacular Remanso do Peixe para o meu jantar inaugural na cidade. Clique aqui para ler mais sobre a minha experiência no restaurante.

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DIA 2

5h – Mergulho no Ver-o-Peso

Cinco da matina é a hora que eu deveria ter estado no Ver-o-Peso para ver o triunfal desembarque do açaí e dos peixes amazônicos que abastecem o mercado. Como estava hospedada lá pertinho, pude presenciar de camarote como o mercado pulsa 24 horas por dia, seja diante do “público”, seja nos bastidores. Lá pela meia-noite, os caminhões de gelo já faziam fila nos arredores do porto e dezenas de trabalhadores dormiam pelas calçadas esperando o momento de entrar em ação (vida dura, duríssima). Em geral, os barcos começam a atracar lá pelas três ou quatro da matina, e o espetáculo rola até o primeiro raio de sol chegar. Fazer tudo na calada da noite é fundamental num lugar tão quente, já que a luz e o calor podem estragar tanto o peixe como a fruta. Infelizmente, estava tão cansada que não consegui acordar de madrugada (sempre bom deixar algo para a próxima vez, não?). A melhor performance que pude executar foi chegar ao mercado de manhã cedo, e delirar com a variedade de espécies de peixes, já nas bancas – se você se interessa pelo tema, vai pirar.

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10h – Mais Ver-o-Peso

Não é exagero dizer que você deve gastar a sola do sapato no Ver-o-Peso. O mercado público mais interessante do Brasil é o coração da cidade. Circule até cansar, entregue as agruras da sua alma a uma das curandeiras, encha a bolsa de castanha-do-Pará, compre uns badulaques amazônicos para levar de lembrança, faça uma boquinha aqui e outra acolá, tome sucos de frutas sobre as quais você nunca ouviu falar, jogue conversa fiada com quem puxar papo…

12h – Estação das Docas

Sair do Ver-o-Peso e entrar na Estação das Docas é quase como mudar de país. Subitamente, tudo fica limpo, grandioso e levemente gourmetizado. Mas não estou me queixando! É bacana. É gostoso demais para um relax. O lugar que escolhi para almoçar foi a cervejaria Amazon Beer (clique aqui para saber mais). E depois… sorvete da Cairu de sobremesa e muita vontade de sair dando cambalhotas de alegria.

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15h – Mangal das Garças

O parque tem quase duas décadas de existência e segue bem conservado. Não vá esperando uma coisa de outro mundo, mas o lugar é bonitinho e gostoso para um passeio relax. Fui a pé até lá a partir das Docas e cruzei pracinhas e casarões coloniais bem bonitos pelo caminho. A entrada é grátis, só que não. Uma vez lá dentro, tudo o que há de mais legal é pago à parte: Borboletário José Márcio Ayres, Farol de Belém, Viveiro das Aningas e Memorial Amazônico. Você pode pagar a entrada individual para cada um ou comprar o passaporte que permite a entrada em todos os recintos por R$ 20.

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16h30 – Tacacá, o chá das cinco de Belém

Peguei um táxi na porta do Mangal das Garças e fui direto pro Tacacá da Mariaclique aqui para saber mais. Saindo de lá, com a boca formigando de jambu, fui conhecer a grandiosa Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.

17h30 – Happy Hour

Ainda deu tempo de pegar um fim de tarde com direito a pôr-do-sol épico no Palafita. Como o nome sugere, o bar tem um enorme deque apoiado sobre palafitas, na beira do rio. É o lugar perfeito pra fechar o dia com uma caipirinha de cupuaçu (que poderia ser melhor, mas vale pelo visual). A programação musical é ultra eclética. Dei sorte e peguei uma bandinha de MPB rolando.

20h30 – Remanso do Bosque

O restaurante mais famoso e celebrado de Belém foi meu escolhido para o jantar de encerramento da temporada do tucupi. Clique aqui para saber como foi minha experiência por lá.

DIA 3

9h – Aprofundando na Cidade Velha

Tem muita coisa boa para ver no centro de Belém, principalmente no pedacinho que foi totalmente restaurado, conhecido como Feliz Lusitânia. O Museu de Arte Sacra é um prato cheio para quem gosta do tema (além de lindo de se ver por fora). Mas preferi visitar uma exposição bacaninha de arte moderna brasileira no museu da Casa das Onze Janelas. E outra exposição modesta, mas interessante, sobre a gastronomia paraense. Também achei que valeu muito a pena adentrar a parte mais tumultuada e decadente do centro e, no meio do camelódromo, dos urubus e da pobreza, ver casarões coloniais que ainda mantém uma certa dignidade e um pouco da “vida real” de uma capital que, como todas no Brasil, ainda tem muito o que melhorar do ponto de vista social.

Se eu tivesse mais tempo…

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Para esticar…

O lugar perfeito é a Ilha de Marajó, clique aqui para ler o meu post.

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