Achados

Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Achados no País Basco: a questão do terrorismo e do separatismo na sua viagem

Manifestação silenciosa pela liberação de “presos políticos” durante a festa da Semana Grande Há alguns anos, quando escrevi este post, disse o seguinte sobre a questão dos movimentos separatistas do País Basco (que almejam que a região seja uma nação independente da Espanha) e a questão do ETA (o grupo terrorista que empunha essa bandeira): […]

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h55 - Publicado em 15 set 2010, 14h15

Manifestação silenciosa pela liberação de “presos políticos” durante a festa da Semana Grande

Há alguns anos, quando escrevi este post, disse o seguinte sobre a questão dos movimentos separatistas do País Basco (que almejam que a região seja uma nação independente da Espanha) e a questão do ETA (o grupo terrorista que empunha essa bandeira):

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Não se sente um clima de tensão no ar (a menos que você tenha o azar de estar na cidade no dia de alguma tentativa de manifestação pró-ETA) e não há motivo para ter medo de nada. Agora, em San Sebastián, assim como em todo o Pais Basco, você certamente topará com alguns cartazes e pichações a favor dos terroristas do ETA (meia dúzia de malucos que querem a independência do País Basco e atormentam a vida de toda uma nação com bombas e assassinatos). Também é possível que ocorra uma ou outra ação da ridícula kale borroca (arruaceiros simpatizantes do ETA que queimam caixas eletrônicos, containeres e, de vez em quando, um carro ou um ônibus) de madrugada, em pontos isolados. Mas, hoje em dia, os poucos atentados do ETA costumam visar “apenas” alvos militares ou políticos, poupando os civis.

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Faixas a favor da liberação de presos políticos: até na praia

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Placas com as informações em espanhol riscadas: Bilbo sim, Bilbao não

Eu reafirmo: não há o que temer. Turistas não têm nada a ver com a questão e eles sabem muito bem disso. Mas dessa vez, talvez por estar hospedada na casa de um basco, e por entender melhor o problema hoje em dia do que quando visitei San Sebastián pela última vez, me dei conta de algumas coisas curiosas e sinistras.

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As mensagens de apoio aos “presos políticos” (que é como eles chamam os membros do ETA e seus aliados) são onipresentes: estão nos muros, nos cartazes, na cidade, no campo, na praia. A sensação que dá é que o sujeito pró-ETA acorda, escova os dentes, almoça, transa, brinca com os filhos e dorme pensando nisso. Até no meio da festa da “Semana Grande”, quanto fanfarras arrastavam pessoas felizes cantando e dançando pelas ruas, um pequeno grupo cruzou o nosso caminho manchando em silêncio, levando cartazes com fotos de etarras que estão na cadeira. Eram velhinhos, crianças, jovens… Sinistro, muito sinistro.

É impressionante a quantidade de gente com o corte de cabelo peculiar que caracteriza os que apoiam os idéias separatistas e, muitas vezes, também os métodos obscuros que se utilizam para tentar alcançar este objetivo (engraçado isso, não? um corte de cabelo…). Há famílias inteiras que pagam o mico de ter um terrível corte xitãozinho como forma de expressar as suas idéias. Às vezes, parecem gente tão normal… mas podem (no País Basco ninguém sabe ao certo quem é quem) estar envolvidos com coisas horríveis.

Se você se interessa por este assunto, recomendo este documentário do cineasta Julio Medem: La Pelota Basca. La Piel contra la piedra. Com um apanhado de depoimentos expostos sem nenhum julgamento moral, o filme consegue transmitir o quão complicada é a questão.

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